Desde o seu anúncio, Layers of Fear (2023) tem gerado dúvidas em relação à sua natureza. Para muitos, o retorno da franquia era esperado como um remake com os visuais aprimorados da Unreal Engine 5. Outros acreditavam que o projeto se tratava de um reboot.
No entanto, a volta da Bloober Team a Layers of Fear, que lhe rendeu renome dentro do gênero de terror, acabou sendo apenas uma compilação de seus dois jogos anteriores e suas expansões, agora com gráficos atualizados.
Com lançamento previsto para 15 de junho no PS5, Xbox Series e PC, Layers of Fear (2023) pode ser um excelente ponto de partida para aqueles que ainda não tiveram contato com a franquia. No entanto, para aqueles que já conhecem a obra, como eu que vos escrevo, a expectativa era de algo mais do que apenas revisitar a mesma história.
Tudo como antes, mas com um visual atual
Layers of Fear começa de forma intrigante ao introduzir uma nova personagem, vencedora de um concurso de redação relacionado a uma das figuras mais trágicas da arte moderna. Ela tem a oportunidade de escrever seu próprio livro sobre a vida dessa artista em um farol.
No entanto, o que inicialmente parecia ser uma nova história de terror psicológico, característica única da Bloober Team, acaba se tornando uma recontagem dos eventos do primeiro jogo (2016), suas expansões e do segundo jogo (2018), sob a perspectiva dessa nova personagem.
Ao longo do jogo, Layers of Fear faz parecer que após completar o primeiro título, teremos algo novo e empolgante com a presença inédita do personagem neste farol. No entanto, o farol acaba sendo apenas um hub onde os jogadores que já experimentaram os títulos anteriores da franquia terão que jogá-los novamente. Além disso, Layers of Fear obriga o jogador a jogar novamente os títulos anteriores caso queira progredir na história do farol.
Particularmente, minhas expectativas eram maiores. O que temos aqui é uma versão atualizada com gráficos impressionantes e mudanças no design de jogo, nas mecânicas e na forma como a trama complexa é contada. No entanto, a adição da nova personagem acaba sendo apenas uma desculpa para replay dos títulos anteriores com visuais incríveis.
Adições que melhoram a experiência
Embora a Bloober Team tenha mantido a mesma base de histórias dos jogos anteriores, eles compensaram isso adicionando mecânicas que enriquecem o terror psicológico e a exploração da franquia.
Desta vez, as mecânicas estão mais refinadas, abandonando as limitações presentes nos jogos anteriores. O level design foi aprimorado, proporcionando uma experiência mais fluida. Mesmo que você esteja conhecendo cada canto da casa de um famoso pintor ou do interior de um navio, as sutis adições às mecânicas tornam a jogabilidade mais envolvente.
Outro aspecto que merece destaque é a narrativa. A Bloober Team se preocupou em tornar a compreensão mais acessível para os jogadores que estão experimentando Layers of Fear pela primeira vez. O desenvolvimento da história é mais compreensível e até mesmo os bilhetes encontrados pelos cenários estão dispostos de forma cronológica.
Diferentemente da minha experiência anterior, agora consegui entender cada ponto da história de forma mais clara, sem precisar fazer conexões confusas como no passado.
Todas essas melhorias serão muito bem recebidas pelos jogadores novos que ainda não conhecem Layers of Fear. No entanto, para mim e para aqueles que já conheciam a franquia, essas adições são válidas e trazem uma nova perspectiva ao jogo.
A Unreal Engine deu um novo olhar para Layers of Fear
De todas as coisas que Layers of Fear (2023) tem de novo é seu visual. De fato, a Unreal Engine 5 deu um novo olhar para o que a Bloober Team criou em 2016 e nos anos subsequentes a arte do terror.
Jogando em uma RTX 3060 Ti com configurações em seu maior nível a 4K e 60fps, o novo motor da Epic Games trouxe uma nova camada de terror para a franquia. Realmente, o visual é impressionante, especialmente com os efeitos do Lumen que trazem uma ilustração realista e impactante para os cenários. As sombras são bem feitas e a textura dos ambientes é de alta qualidade. O visual é definitivamente um dos grandes pontos fortes desse retorno à franquia.
Cada local do jogo possui seus próprios destaques visuais, e o medo outrora se transforma em um sentimento de encanto diante da qualidade visual apresentada. Apesar das ressalvas que podem existir, o visual de Layers of Fear foi o aspecto que mais me cativou, e isso me faz refletir sobre o quão talentosa é a Bloober Team na criação de uma atmosfera de terror tão envolvente.
Afinal, Layers of Fear é tudo isso mesmo?
Layers of Fear (2023) teve seu marketing como uma experiência que honraria os títulos anteriores lançados pela Bloober Team. No entanto, o resultado final é essencialmente uma versão aprimorada dos dois jogos anteriores, projetada para os consoles e PC atuais, apresentando mecânicas refinadas e um visual encantador.
A introdução de uma nova personagem acaba sendo um pretexto indireto para que os jogadores conheçam os jogos anteriores e revisitam a história de maneira indireta. Enquanto isso, os novos terão a oportunidade de experimentar a versão definitiva de um clássico cult do terror psicológico.
Embora essa abordagem possa decepcionar os fãs que esperavam por uma experiência totalmente nova, a Bloober Team conseguiu entregar um jogo com melhorias visuais e mecânicas, proporcionando uma experiência mais refinada para os jogadores. No entanto, é importante reconhecer que essa abordagem pode ser mais atraente para os recém-chegados à franquia do que para aqueles que já estão familiarizados com os títulos anteriores.
