Nintendo Switch é uma pintura bela com muitas pinceladas a serem questionadas

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Na madrugada da última sexta-feira (13), enfim a Nintendo revelou detalhes maiores sobre o Switch, o híbrido de console e portátil anunciado oficialmente em outubro de 2016. Esse meio-tempo rendeu à empresa um bocado de rumores para todos os lados da internet. Alguns concretizaram-se, outros talvez venham a ser confirmados em um futuro indeterminado. O mais importante, porém, é que sabemos do que se trata e definir algo acerca dele, no momento, é como caminhar sobre um lago congelado quebradiço. Talvez estejamos certos sobre nossa resolução, talvez não.

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Uma das maiores preocupações é o catálogo de lançamentos do aparelho. Alguns podem justificar esse ponto com a lista anunciada para todo o ano de 2017, que como um todo é boa, mas quando a analisamos de maneira isolada e pegamos somente os títulos de lançamento do sistema, que acontecerá no dia 3 de março, é um início de vida questionável. Claro, temos The Legend of Zelda: Breath of the Wild (que também ganhará uma versão para Wii U), o qual pode levantar o Switch por um bom tempo, mas, sozinho, é uma missão difícil segurá-lo nos ombros.

Os outros jogos de lançamento são 1-2 Switch, um compilado de minigames que envolve abrir e fechar a boca o mais rápido possível para comer a maior quantidade de sanduíches em um período de tempo e mover os Joy-Cons, controles destacáveis do aparelho, para cima e para baixo a fim de ordenhar leite virtualmente, e Super Bomberman R, que é quase uma transposição dos títulos da série lançados para o Super Nintendo para os dias atuais. No entanto, a partir de alguns minutos do jogo apresentados em transmissões da Nintendo, aparenta ser muito divertido, especialmente pelo fato de seu multiplayer comportar até oito jogadores. Pondo de lado Skylanders Imaginators e Just Dance 2017, o chamariz de jogos no lançamento do Switch se resume a isso.

O mês de março ainda reserva Fast RMX, dos mesmos criadores de Fast Racing Neo para Wii U, SnipperClippers, um título carismático sobre recortar papel, e Has Been Heroes, da Frozenbyte (responsável por Trine), sendo previsto para várias plataformas. Nada parece se destacar tanto quanto o brilho The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Em parte, é compreensível a estratégia da Nintendo em lançar jogos gradativamente. Mas, para alguns, pode soar como falta de conteúdo para um console que pretende fazer o que o Wii U não fez: satisfazer os consumidores fieis da Nintendo e chamar a atenção de quem, por algum motivo, está jogando em outra plataforma, mesmo que não para transformá-lo em seu hardware de jogos principal. 

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Uma das maiores dificuldades da Nintendo com o Wii U foi a complicação em conseguir trazer jogos em uma frequência adequada à seus usuários, os quais aguardavam por longos meses para receber um novo título. Isso não significa, no entanto, que tenha um catálogo ruim, pelo contrário, é detentor de uma das melhores bibliotecas de exclusivos de toda a geração. O mês subsequente ao lançamento do Switch traz somente Mario Kart 8 Deluxe, um ótimo atrativo aos proprietários do hardware, mas, embora seja um excelente jogo em sua versão original, a interrogação que paira sobre muitos é se conseguirá entreter a todos durante todo o mês e ser um dos motivos para o investimento ou para uma eventual compra, especialmente na época dos videogames em que nos encontramos, onde inúmeros títulos são lançados semanalmente nos consoles e PC. A resposta é subjetiva e será comprovada conforme os meses seguirem.

É o Switch a união do Wii com conceitos de consoles modernos? 

Apesar de não trazer nenhuma variação do título Wii em seu nome, o Switch emana o espírito de seu antecessor juntamente com alguns elementos que colocava de lado em sua época de vida. Entretanto a Nintendo aparenta não saber conduzir certos aspectos para o tempo em que estamos. Ao mesmo tempo, tais tropeços podem tratar-se de decisões debatidas e discutidas, e se assim for, essas resoluções carecem de reavaliações em certos pontos.

Pela primeira vez em anos, a Nintendo se mostra empenhada em oferecer uma experiência minimamente robusta no que concerne a organização de contas e programas online. Se conclui isso partindo do fato de que a empresa cobrará pelos serviços oferecidos, assim como já é visto ser executado na PSN e Xbox Live. A aproximação torna-se ainda maior quando o recurso online oferece descontos em compras na loja virtual e jogos gratuitos por mês. A preocupação quanto a oferta, a primeira vista inteiramente bem-vinda, contudo, é invocada ao sabermos que na verdade são títulos lançados para NES e SNES, o que não é de um todo ruim e serão disponibilizados somente durante um mês, não podendo o usuário jogá-los após o período estipulado, diferentemente do proposto pela PS Plus e Xbox Live Gold (ambos os serviços permitem que possamos jogar as produções oferecidas contanto que continuemos a pagar). Há poréns dentro de poréns.

Embora a decisão possa afastar muitos num primeiro momento, alguns aspectos podem torná-la plausível. A começar pela declaração da Nintendo de que alguns dos títulos ganhariam modos para serem jogados online, então, mesmo que apenas por um mês, pense no quão divertido seria experienciar Super Mario Kart, F-Zero ou ainda Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time em partidas multiplayer. O sentimento nostálgico certamente não viria a todos, obviamente, mas se os jogos forem bem escolhidos, a satisfação e prazer poderia contemplar um público imenso e diversificado. É possível ainda que a companhia não se prenda junto a produções provenientes do NES e SNES, fazendo com que recebamos títulos de outras plataformas, como GameCube e Nintendo 64, por exemplo, apesar de não haver nenhuma informação confirmada até o momento sobre esta possibilidade.

O programa criado servirá não exclusivamente para o entretenimento daqueles que o assinam, mas para a própria empresa. Disponibilizar jogos mensalmente de consoles há décadas lançados é um meio factível de valorizar suas propriedades intelectuais, exibindo aos usuários, também, franquias dormentes que não recebem mais novas entradas. É difícil afirmar que o método foi adotado para ser um termômetro de recepção do público a certos jogos, uma vez que grande parcela deles possui características que foram aprimoradas com o passar dos anos ou já não mais são utilizadas, e transferi-las para o presente é uma tarefa que poucos seriam capazes de executar, sofrendo ainda o risco de não ser uma produção com boa recepção.

O sucesso do serviço online inédito dependerá, também, do preço cobrado por ele, claramente. Caso o valor seja abaixo dos concorrentes, a taxa de sucesso e adoção é obviamente, pois mesmo havendo um prazo determinado para jogar-se um título — que dependendo dos escolhidos os colocaríamos de lado não mais do que uma semana após a disponibilização –, descontos e ofertas em outros jogos podem compensar o pequeno investimento adicional. Novamente, falar sobre assunto e seus resultados é como caminhar sobre um lago congelado e quebradiço. No momento, não há como definir um lado da balança.

Ainda, o novo método de serviço online proposto pela Nintendo oferecerá a oportunidade de nos comunicarmos com nosso amigos através de chat por voz. O bate-papo, porém, poderá ser feito apenas através de um aplicativo para smartphones, o qual será sincronizado ao Switch e servirá como uma pequena rede. Embora a quantidade de smartphones no mundo seja colossal, é uma decisão arriscada permitir contato por voz com outras pessoas somente por meio de um aparelho específico. Pode soar versátil para alguns devido a acessibilidade a tais dispositivos, mas para outros, no entanto, será algo meramente arcaico e simplório. Além disso é importante levarmos em conta a existência de empecilhos para que o aplicativo seja instalado, desde falta de memória no aparelho até possuir um smartphone.

O Nintendo Wii reencarna com nova alma e corpo

Os resquícios do Wii são mais que claros no Switch, e a Nintendo parece querer introduzi-los para que todos nós os vejamos. A tecnologia dos Joy-Cons são evidentemente uma evolução das vistas em seu predecessor, mas com algumas novas inserções. O Joy-Con direito, que pode ser visto na cor vermelha logo acima, possui um sensor infravermelho capaz de detectar a distância, formato e movimento de objetos ou da mão do próprio jogador. Além disso, de acordo com a Nintendo, os controles poderão reproduzir sensações por meio de vibrações através do chamado HD Rumble. Será possível, por exemplo, sentir a colisão individual de cubos de gelo dentro de um copo ao movimentar um dos Joy-Cons. A tecnologia propriamente dita é ótima quando vista por si só, mas para se provar é necessário que jogos a utilizem, e então temos um problema.

Certamente veremos jogos exclusivos do aparelho utilizando os sensores sofisticados, não seria a primeira vez que veríamos a Nintendo criando um hardware pensado, primariamente, em seus próprios títulos. O Wii teve em seu catálogo inúmeras produções que se aproveitavam da tecnologia do aparelho, mas o uso em enorme parcela delas era apenas desnecessário e não acrescentava em nada à experiência, até mesmo em jogos lançados somente para o console, como The Legend of Zelda: Twilight Princess — que também foi lançado para GameCube –, em que era necessário balançar o controle do sistema para que Link desferisse golpes com sua espada. Títulos concebidos com a tecnologia em mente eram os que melhor utilizavam-na e forneciam bons momentos. Ainda é, porém, muitíssimo cedo para falar que a sina se replicará no Switch, ou então que será fadado à rara utilização de funções como ocorreu com o Wii U.

Até o momento, os jogos anunciados que farão forte uso dos sensores de movimento avançados do híbrido são 1-2 Switch e Arms, um título de boxe com cenários coloridos e vibrantes no qual temos nossos braços transformados em longas molas e devemos enfrentar inimigos em largas arenas, porém este último poderá ser jogado também apenas com os comandos do controle. O restante do catálogo do Switch não possui confirmação quanto à aplicação veemente da tecnologia, e se não vermos anúncios que exibam a sua adoção, o âmago do aparelho se provará na proposta de poder jogar em qualquer lugar.

Primeiro ano de vida não é definidor, mas possui extrema importância

O Nintendo Switch pode se beneficiar muito de seu primeiro ano de vida. Afinal, ter um novo The Legend of Zelda no início de vida do aparelho, uma continuação de Splatoon no verão, e um novo jogo de Mario, Super Mario Odyssey, previsto para o final do ano, são excelentes tentativas de emplacar o hardware em frequência periódica. Além destes tem-se o, aparentemente, muito divertido e já citado Arms e Xenoblade Chronicles 2, que integram o catálogo de ano inicial do sistema. Novamente, quando visto de longe e inteiro, 2017 é um bom ano de lançamentos para o Switch.

Embora aparente ser improvável, uma vez que todas as cartas deveriam ser jogadas à mesa em seu evento de apresentação, é possível ainda que vejamos novos títulos sendo anunciados na edição da E3 deste ano, levando em consideração que a Nintendo saia de seu formato atual na feira, que basicamente resume-se a exibir títulos já anunciados em funcionamento. Com a recente explosão colossal de Pokémon Go, a utilização da marca no sistema parece ser uma realidade, mesmo que não trate-se de um título tradicional como conhecemos nos portáteis.

Como já sabemos, a Nintendo possui todos os tipos de faca e queijo nas mãos. Suas propriedades intelectuais são de número imenso e o apreço de fãs por elas é imensurável. Colocá-las apenas dentro de um aparelho não fará com que sua vendagem ultrapasse os céus. Contudo, as utilizar, por menor que seja a quantidade, com ponderamento, certa quantidade de ousadia e paixão — o que aparentemente não foi feito, ou realizada apenas uma parte da receita, com Metroid Prime: Federation Force — é o que pode trazer o sucesso do Switch, seja ele comercial ou não. Pergunte ao Nintendo 64.

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