O Exorcista: Episódio 1 – Estreia da série do canal FX agrada, apesar dos problemas

O Exorcista foi e ainda é um tremendo sucesso do cinema, que influenciou diversos filmes e obras que vieram depois dele. Baseado em um livro de William Peter Blatty, que também assina o roteiro do filme de 1974, O Exorcista agora também tem uma série no canal FX, que estreou simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos, o que é ótimo pra nós brasileiros, que podemos acompanhar a série sem risco de spoiler e também ótimo para o canal da FOX, que pode ganhar mais com a audiência direta na TV.

Assim como fazemos com as análises de séries, vamos comentar cada um dos episódios da primeira temporada de O Exorcista, começando já por este primeiro, com um texto diferente de uma crítica comum, então estará LOTADO de spoiler. Mas calma: O que você precisa saber sobre o episódio 1 da série é que ele agrada bastante, tem ótimas atuações, mas falha em alguns momentos com escolhas do roteiro que deixaram alguns buracos. Mas não são buracos propositais para um mistério que poderá ser resolvido a frente, me pareceu algo corrido em alguns momentos e, ao mesmo tempo, monótono.

No geral, as referências para o filme e os casos de exorcismo que serviram de inspiração para William Peter Blatty dão um ar tenebroso para a estreia, deixando claro que caminho a série irá tomar. Apesar dos problemas citados acima, O Exorcista mostrou grande potencial e não vemos a hora de assistir ao segundo capítulo, que será exibido na semana que vem. A propósito, a série vai ao ar de sexta para sábado, meia noite no canal FX.

Vamos aos spoilers e comentários sobre o primeiro episódio de O Exorcista! Se você ainda não viu o episódio, volte aqui depois. Se não liga pra spoilers e ou já assistiu o episódio, seja bem vindo!

Grandes mudanças se comparado ao filme

O que a série já deixou claro pra gente é que, apesar de ser inspirada no clássico filme de 1973, basicamente o que a gente viu no longa servirá de plano de fundo pra série, que traz uma família sendo perturbada por um mal, mas fica claro que é uma história contemporânea, que não ignora as coisas que aconteceram no filme, mas que se passa muito anos depois como se tivesse continuando aquela história. Achei interessante a ideia de a série não seguir exatamente os mesmos caminhos que o filme, assim a obra original continua intacta, até porque mesmo hoje em dia O Exorcista é um filme muito atual e envelheceu muito bem.

Vale notar também as referências aos casos que podem ter inspirado o filme, como o Exorcismo de Georgetown, onde na década de 40 um garoto sofreu com possessões após seu avô falecer, mas antes disso o menino aprendeu com o próprio avô a mexer com tabuleiros de Ouija, que é conhecido como um instrumento de comunicação com os mortos. Segundo relatos, o garoto passou por muitas coisas estranhas durante muitos anos, diversas sessões de exorcismos pela igreja católica foram realizados, quando finalmente não se ouviu mais nada dele. Dizem que depois disso ele viveu uma vida tranquila, mas quem sabe realmente o que aconteceu, não é?

Um jogo onde Padre Thomás é um peão

Inclusive, falando do caso do Exorcismo de Georgetown, a cena do Padre Marcus com o garotinho no México foi uma referência pra muita coisa que a gente viu no filme de 73 e também a este caso citado acima. E que cena macabra, tensa, com ótima atuação de Ben Daniels (Padre Marcus). O pescoço do garoto girando foi até nostálgico, mas sem dúvida alguma foi o momento de maior aflição no episódio. Ver aquilo acontecendo com qualquer pessoa é complicado, mas uma criança é ainda mais. E foi algo como “ó, aqui p pescocinho não gira à toa não”.

É como se o espírito tivesse tomado o corpo do garoto e fizesse de tudo pra atingir Marcus, quebrar o estranho Padre ao ponto dele duvidar do poder de Deus. Pelo visto o cara é mais forte do que o possível demônio esperava, já que a cena com o garoto aconteceu há 18 meses atrás e Marcus continua em sua missão, por mais estranha que essa missão pareça ser. Onde já se viu um Padre andar armado e apontando a arma pra outros colegas de profissão? Sem dúvida há muito mais por trás desse personagem do que a gente espera.

Onde Marcus está, o mal também está e na cena em que Padre Thomás conversa com o senhor de óculos escuro, fica nítido que o mal está levando Thomás pra onde ele quer. E Marcus identificou isso, em uma cena muito boa onde Thomás explica o motivo de estar ali e os sonhos que vinha tendo – e que sonhos. Estes sonhos devem ser ciladas monstruosas do poder maligno que ali está, que ou está tentando amedrontar Thomás, pra ele ficar longe dos Rances, ou quer justamente que ele esteja lá. O engraçado é que talvez Thomás não esteja vendo os pequenos avisos, que é onde Deus age, e acaba acreditando naquilo que ouve e vê, e vimos que quem age dessa forma é o mal. Tudo indica que Thomás vai se opor a Marcus de alguma forma e aí quem estará do lado do bem?

Os Rances

O legal de uma série sobre o universo de O Exorcismo é que os produtores podem ir muito mais além, nos mostrar as consequências de tudo que acontece num caso de possessão como está acontecendo com os Rances. Marcus é um exemplo, pois ele foge de tudo que a gente viu no clássico filme, é um personagem essencial pra série ser diferente do filme e ainda manter o interesse do público. Thomás já é o mais normal, que se assemelha com o Padre do filme, que quer ajudar a família. A diferença é que Thomás não tem ideia do que está acontecendo, até o momento que foi a casa dos Rance. Talvez aquela tenha sido a segunda melhor cena do capítulo, mas também foi a que mais trouxe problemas.

Falando em termos de roteiro, o maior dos problemas ali é Thomás ver tudo que viu, e no final sair pela porta da frente sem comentar ABSOLUTAMENTE NADA com a mãe das garotas, e ainda ficou o clima de que a irmã menos suspeita, mais alto astral é que está com possessão em seu corpo. Jogaram nossa atenção totalmente pra Kate e no final o que deveria ser surpresa acabou virando frustração. A cena foi boa, ela indo pra cima de Thomás toda estranha foi a segunda melhor cena do episódio, porém a ligação das cenas e o resultado do que aconteceu na casa ficou raso demais.

O Exorcista tem um potencial enorme, desde que os próximos episódios se preocupem em criar um clima de terror e suspense ainda maior, ligando os acontecimentos de 18 anos atrás onde Marcus passou por aquela experiência bizarra com o garoto possesso, com tudo que está prestes a acontecer com Thomás. Agora que sabemos que o problema é Casey, Kate deve entrar pro lado dos mocinhos, se é que ela não vai ser influenciada pelos fatos que ocorrem em sua casa. Gostei do que vi neste primeiro episódio, mas foi difícil deixar de lado o incômodo que algumas cenas mal explicadas nos trouxeram. Vamos ver como tudo se desenrola na semana que vem!