Cinco terroristas de diferentes partes do planeta se unem em uma missão que envolve proteger uma bomba. Lá fora, os sons de botas batendo contra o chão molhado indicam que a unidade de contra-terrorismo chegou. Eles conversam entre si, mandando estratégias, pedindo desculpas. Escudos são erguidos, paredes são reforçadas e barricadas são colocadas sobre portas e janelas. Suas mãos tremem, miras focando nos possíveis métodos de infiltração do inimigo: um corredor ali, uma parede fraca aqui, uma barricada que pode ser destruída atrás. Uma explosão dá começo ao tiroteio. Um dos terroristas é baleado e se arrasta para um amigo, pedindo ajuda. Mas antes de receber primeiros socorros, uma outra bala perfura sua cabeça e acaba com a sua vida.
Parece um filme de ação daqueles antigos, onde os vilões tinham tanta personalidade quanto os heróis. Uma cena digna de um Duro de Matar, com Bruce Willis e Alan Rickman trocando insultos. Mas é tudo parte de Rainbow Six Siege, que acaba de entrar em beta- e o Combo Infinito está aqui para te dizer o que achou da experiência.
O principal modo de jogo que o beta oferece é o modo multiplayer básico, onde dois times de cinco jogadores se enfrentam em uma versão mais atualizada do gênero simbolizado por Counter Strike. Um time são os defensores, que tem que proteger um objetivo ou matar todos os atacantes, e que tem acesso a uma série de equipamentos para ajudar nessa luta. Os atacantes tem como objetivo desarmar a bomba ou matar todos os defensores. Simples.
Mas não se engane: a diferença está nos detalhes. Os defensores tem acesso a múltiplos equipamentos: barricadas podem ser colocadas em janelas e portas, paredes fracas podem ser reforçadas, arame farpado pode ser espalhado pelo chão e escudos portáteis estão disponíveis. Os atacantes, além de suas armas, tem granadas, bombas, podem até destruir barricadas com três ataques melee. E isso é só o que os recrutas podem usar. A cada partida, você ganha renown, que é a moeda do jogo. E com esse renown você pode comprar operators, classes que podem ser usadas durante o jogo, cada uma com sua habilidade especial.
A classe Twitch, por exemplo, é disponível apenas para os atacantes. Ela têm menos armas, mas compensa com um shock drone, um pequeno robô que você controla e usa para desabilitar seus oponentes temporariamente. Em contraparte, há o Mute, que possui uma máquina capaz de debilitar qualquer robô que o inimigo tenta usar. Uma classe defensora tem uma máquina que permite ao jogador ouvir os batimentos cardíacos do inimigo, enquanto uma classe atacante tem uma granada que dá um curto circuito em qualquer máquina dos defensores. Esse sistema, similar ao de jogos como Team Fortress 2, adiciona uma camada de estratégia ao jogo.
O jogo dá muita atenção ao local onde se passa a batalha. Em muitos outros jogos de tiro, o cenário é nada mais nada menos do que decoração. Mas aqui, conhecer o mapa é essencial. No round de preparação, os defensores começam a erguer barricadas e defesas, enquanto os atacantes pilotam mini-robôs para encontrar seus inimigos. O ato de se posicionar contra o canto da sala e erguer um escudo na sua frente seria o suficiente para ser chamado de camper. Mas aqui, onde quase todas as paredes, chãos e defesas podem ser destruídas, é a diferença entre ganhar ou perder jogo.
A atenção aos detalhes se estende também aos gráficos, parte muito importante de qualquer jogo de tiro. Por exemplo, um dos mapas é uma embaixada que foi tomada pelos terroristas, e você pode jogar no mapa de manhã ou de noite- um detalhe que pode parecer inútil, mas quando uma das principais mecânicas do jogo inclui subir pelas paredes com rapel, passando por janelas que podem conter inimigos prontos para te encher de bala, a luminosidade acaba fazendo uma grande diferença.
Mecanicamente, Rainbow Six Siege tem o suficiente para se destacar da enxurrada de jogos de tiro realistas que raramente inovam de sequência para sequência. Infelizmente, o jogo deixa muito a desejar em termos dos design dos personagens. Muitas vezes eu acabei atirando em meus colegas, achando que eles eram inimigos, porque, bem… eles pareciam com os inimigos! Um outro problema do jogo é a falta de tutoriais. Sim, isto é um beta, e o jogo ainda não está pronto. Todavia, o jogo disponibiliza apenas três vídeos que falam sobre barricadas, chãos quebráveis e bombas. Nada mais. Nada sobre drones, nada sobre as classes… em minha primeira partida, acabei sendo destruído por não saber como me soltar do rapel, algo que um tutorial jogável poderia ter solucionado.
Devido a sua natureza, este jogo demanda dos seus jogadores um nível de atenção que é rara em first person shooters de hoje em dia. Aqui o que é recompensado não é a rapidez e as reações curtas de jogos como Call of Duty, mas sim sua habilidade de jogar em time. Se comunicar com os outros é essencial, então reze para ficar com um time que saiba cooperar entre si. Na minha quarta partida eu acabei encontrando jogadores assim, e o jogo do nada se transformou em uma experiência incrível. O momento em que eu e mais um jogador conseguimos virar a partida contra um time de cinco jogadores vai ficar na minha cabeça para sempre.
Ainda falta muito para Rainbow Six Siege estar pronto. O sistema de matchmaking é horrível, e você pode chegar a esperar até cinco minutos para uma partida que não vai começar. O jogo pede que você aprenda muito sem oferecer nenhum tipo de ajuda que importa. E é óbvio que alguns modos de jogo estão faltando (há também no beta um modo chamado Terrorist Hunt que te coloca contra um inimigo controlado por uma inteligência artificial super difícil, que é divertido mas não se compara a ação do modo básico). Mas se este beta mostra alguma coisa, é que as peças estão no lugar certo para fazer de Rainbow Six Siege um jogo único que mistura estratégia, suspense e a diversão de um clássico filme de ação.
Quer jogar comigo? Meu Uplay (versão para o PC) é stratofariusbr.
