Slitterhead – Review

Slitterhead

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Dos criadores de Silent Hill, Siren e Gravity Rush

Em 2020, o diretor japonês Keiichiro Toyama, famoso por Silent Hill (1999), a franquia Siren e Gravity Rush, fundou seu próprio estúdio, o Bokeh Game Studio. Esse novo empreendimento deu origem a um jogo de ação e aventura com elementos de terror, revelado em 2021 durante o The Game Awards como Slitterhead.

Lançado em 8 de novembro de 2024 para PS5, PS4, Xbox Series e PC, Slitterhead é uma experiência bizarra e surreal, repleta de boas intenções, mas com alguns problemas evidentes. O jogo traz ideias inovadoras, mas sua execução e apresentação são limitadas e datadas.

A História

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Em Slitterhead, o jogador controla uma entidade chamada “Hyoki”, sem memória e sem forma física definida, que precisa possuir e controlar humanos para erradicar criaturas monstruosas conhecidas como “Cabeças-Rasgadas” (Slitterhead), disfarçadas de humanos na cidade poluída e movimentada de Kowlong. Conforme Hyoki avança em sua missão, busca compreender suas origens e a natureza dessa ameaça alienígena.

A narrativa se desenrola em duas vertentes: cinemáticas, que revelam momentos-chave da história, e diálogos, que desbloqueiam novas missões e aprofundam a história dos personagens centrais, conhecidos como Raridades — humanos mutantes sob a influência de Hyoki. A viagem no tempo é usada como um recurso para dar contexto à aventura e, através das conversas entre Hyoki e os protagonistas, o jogador pode revisitar eventos passados para tentar reverter ou evitar tragédias.

Embora a mecânica de idas e vindas no tempo seja interessante, com o tempo ela se torna repetitiva e cansativa, afetando negativamente o design das missões.

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Slitterhead apresenta momentos intrigantes e personagens bem explorados em seus dilemas, mas o excesso de voltas na narrativa, após algumas horas, acaba se tornando um fardo para o jogador.

Mestre da Possessão

Slitterhead apresenta uma versão mais aprofundada do conceito de possessão visto em Beyond: Two Souls, da Quantic Dream, lançado em 2013 para PS3. No contexto de Slitterhead, o jogador deve possuir humanos para caçar criaturas monstruosas que se disfarçam de humanos. Conforme explora essa técnica, alguns humanos sofrem mutações, despertando poderes sobrenaturais ao entrarem em contato com a entidade controlada pelo jogador, conhecidos no jogo como Raridades. Cada uma das Raridades possui habilidades que ficam à disposição do jogador durante os combates contra os inimigos e que você pode evoluir em uma aba de habilidades bem discreta.

No sistema de combate, o jogador pode atacar, esquivar-se, usar habilidades e defletir golpes. Um detalhe interessante na mecânica de deflexão é que ela funciona de maneira semelhante ao sistema de defesa de For Honor. Antes de atacar, o inimigo revela a posição de seu ataque. O jogador deve então defletir na posição indicada, o que enche uma barra que, ao ser completada, desacelera o tempo e proporciona uma vantagem para golpear o inimigo.

Mecânicas e habilidades

A mecânica de possessão é a força motriz do gameplay de Slitterhead. Através da possessão dos NPCs, o jogador consegue completar missões e acessar áreas inacessíveis ao protagonista, oferecendo uma dinâmica versátil para os combates. Contudo, problemas com a câmera frustraram parte da experiência, especialmente durante batalhas com múltiplos inimigos ou em locais confinados.

Em resumo, a habilidade de possuir humanos é um dos aspectos mais envolventes de Slitterhead. A Bokeh Game Studio conseguiu dar protagonismo aos NPCs, permitindo que eles derrotassem chefes e concluíssem objetivos, ao invés de se limitarem a diálogos repetitivos. Embora possa parecer um detalhe sutil, essa abordagem enriqueceu o game design de Slitterhead, apesar de algumas deficiências técnicas que tornam o jogo um tanto ultrapassado em certos aspectos.

Desconcertante e Ultrapassado

Embora a mecânica de possessão seja o grande atrativo de Slitterhead, ela é prejudicada pelas limitações no game design. Os cenários, ainda que lineares e com alguma verticalidade, não oferecem a liberdade esperada para o uso da possessão, ficando restrita a momentos específicos indicados pela narrativa. Essa rigidez frustra a experiência de exploração que o jogo tenta entregar.

Durante as missões, o jogador não pode decidir livremente como usar a possessão para alcançar os objetivos; mesmo ao repetir uma missão, não há opção de abordar estratégias diferentes, pois tudo é rigidamente roteirizado. Essa limitação também se estende ao design de missões, obrigando o jogador a refazer tarefas para desbloquear personagens e progredir na história. No entanto, encontrar esses novos personagens muitas vezes parece um desafio desnecessário, mais complexo do que deveria para algo essencial à narrativa. Esses momentos acabam sendo frustrantes e mostram uma possível falta de cuidado no design das missões.

E os visuais?

A Bokeh Game Studio é um estúdio independente que desenvolveu e publicou Slitterhead. Desde o início, o jogo não prometeu visuais impressionantes para a atual geração. No entanto, no aspecto artístico, o estúdio acertou com o design grotesco dos inimigos e a ambientação de Kowlong. A cidade, com seus letreiros neon e ruas poluídas, cria um contraste sombrio com a realidade perturbadora dos seres que a habitam. O design das criaturas, apesar de pouco variado, transmite uma sensação de horror, com cenas de cabeças explodindo e revelando formas bizarras que evidenciam o potencial do estúdio para o terror. Isso é reforçado pela excelente trilha sonora e design de áudio de Akira Yamaoka, que traz o horror em forma de rock.

Por outro lado, as animações entregam momentos toscos e desconcertantes que comprometem o realismo e a imersão. A movimentação dos personagens é pouco fluida e impacta diretamente no combate, tornando-o rígido e pouco funcional.

Joguei no PS5, onde Slitterhead não oferece modos gráficos. Porém, a experiência se manteve estável a 60fps, sem quedas de quadro ou bugs ao longo de toda a progressão.

Mas afinal, Slitterhead é tudo isso mesmo?

Slitterhead tem boas intenções, mas falha em sua execução, resultando em uma experiência ultrapassada. Embora a mecânica de possessão seja interessante, ela se torna limitada ao longo do jogo, assim como outros elementos da jogabilidade.

Apesar das imperfeições que marcaram o retorno de Keiichiro Toyama, a Bokeh Game Studio demonstrou talento para o horror. Talvez, em um próximo projeto, o foco total nesse gênero traga uma experiência mais consistente e marcante.

VEREDITO: Slitterhead tem boas intenções, mas falha em sua execução, resultando em uma experiência ultrapassada. Embora a mecânica de possessão seja interessante, ela se torna limitada ao longo do jogo, assim como outros elementos da jogabilidade. Apesar das imperfeições que marcaram o retorno de Keiichiro Toyama, a Bokeh Game Studio demonstrou talento para o horror. Talvez, em um próximo projeto, o foco total nesse gênero traga uma experiência mais consistente e marcante. Jão

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2024-11-05T14:34:50-0300

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