O clássico retiro espiritual macabro
The Chant, de forma tímida, foi despertando a curiosidade dos jogadores por sua proposta envolvendo um retiro espiritual macabro. Assim, com grande influência do terror cósmico de HP. Lovecraft, o título da Brass Token traz todo o senso de filmes como Midsommar e The Void, com toda esta experiência assombrosa das renomadas literaturas lovecraftianas.
Chegando ao mercado hoje, 3 de novembro de 2022, para PS5, Xbox Series e PC, embarque comigo nesse terror cósmico e entenda o motivo dele não ser tão convincente como ele aparentou ser.
Buscando paz num lugar errado
Narrativas que envolvem retiros espirituais e cultos macabros são verdadeiros clichês. Filmes como Midsommar (2019), The Void (2016), entre outros, trazem toda esta dinâmica de um personagem com problemas emocionais indo em um retiro buscar uma cura interior. Porém, o que se encontra neste local são eventos macabros que colocam em risco a vida do personagem.
Dito isso, The Chant segue este mesmo vetor, porém estamos diante de um terror cósmico ao melhor estilo dos populares livros de HP. Lovecraft. Sendo assim, no game, controlamos Jess, uma jovem biomédica que vive um trauma emocional desde que sua irmã morreu afogada. Após Kim, sua amiga, insistir para sua ida a um retiro espiritual, Jess resolve embarcar nesta nova rotina em sua vida sem imaginar o que este retiro irá lhe proporcionar – coisas que os trailers do game já mostraram.
Dada as devidas informações da narrativa do game, já posso declarar aqui que o título peca em dar a esta narrativa, tão clichê, personagens que não agregam neste segmento. Além de personagens rasos, a protagonista não consegue tomar as rédeas e se destacar no roteiro. Em adição, para piorar essa experiência narrativa desinteressante, o título não se esforça em dar profundidade, explorar seus personagens e esclarecer eventos expostos que não são esclarecidos.
Em suma, The Chant não consegue transmitir o sentimento de desespero dos personagens e sua protagonista é impenetrável de sentimentos e reações.
Medite e esvazie a mente
A Brass Token foi bem criativa em contextualizar a HUD da personagem, bem como as mecânicas de gameplay baseadas no trauma da protagonista e no perigo que a mesma se encontra. Assim, Jess possui três atributos: Mente, Corpo e Espírito. Com base nestes três atributos, melhorias são desbloqueadas para os respectivos atributos, bem como melhorias derivadas.
Quanto ao impacto destes status, a Mente, por exemplo, quando você entra na ‘Penumbra’, realidade alternativa presente no game, ou em locais escuros, a barra da ‘Mente’ de Jess diminui e a personagem entra em pânico. Assim, a impossibilitando de desferir qualquer ataque.
Em contrapartida, há um grande desbalanceamento de gameplay em momentos de embates com os inimigos do game. A Brass Token no intuito de tornar Jess uma personagem mais humana e realista possível, aos eventos macabros presentes no game, tornou seus movimentos lentos. Assim, o combate em The Chant é totalmente desproporcional pela lentidão das ações da personagem em comparação com a agilidade e o poder de dano dos inimigos.
Por fim, embora sendo uma experiência linear, o título soube aproveitar bem seus caminhos secundários os preenchendo com coletas de itens e confrontos com inimigos desta realidade cósmica.
HP. Lovecraft ficaria orgulhoso
Se tem algo que se destacou em The Chant foi sua ambientação. A inspiração pelo terror cósmico – que se popularizou nos contos de HP Lovecraft – foi muito bem representado com uma ambientação – e já peço desculpas pela antítese – assustadora e bela. Os locais onde a ‘Penumbra’ está instalada são assustadores e criativos com tudo que está presente nele. Ademais, as criaturas criadas para esta realidade sobrenatural são amedrontadoras e trazem uma beleza única por seus detalhes e particularidades. Contudo, embora seja belo presenciar esta realidade cósmica, com todos seus horrores, a repetição de inimigos acaba tornando os combates repetitivos.
Quanto ao visual, seu desempenho é o fator determinante para a falta de expressão de seus personagens. Em momentos de grande impacto no game, a falta de um detalhamento facial e de um bom trabalho de ‘lip-sync’ (sincronia labial) empobrecem a imersão e o sentimento que o game quer transmitir.
Mas afinal, The Chant é tudo isso mesmo?
The Chant é uma pura homenagem ao terror cósmico de HP. Lovecraft, porém sua aposta neste gênero não convenceu. Seus problemas, frutos de uma narrativa rápida e com personagens rasos, não foram capazes de me conectar com o verdadeiro significado de sua ambição.
Ademais, seu visual abaixo, para um game que chegou ao mercado apenas para os consoles da atual geração, descredibilizada toda a atuação de seu elenco que se assemelham mais a bonecos de cera inexpressivos do que seres humanos com suas vidas em risco.
Por fim, se você é um fã da literatura lovecraftiana você será bem servido com uma ambientação detalhada e criaturas assustadoras. Porém, não espere uma narrativa bem construída e com personagens cativantes.
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