Finalmente o filme de Uncharted saiu do papel e estreou nos cinemas. Assim, Uncharted: Fora do Mapa, adaptação da consagrada franquia de games de ação e aventura da Sony, fez sua estreia nos cinemas prometendo agradar tanto aos fãs da série, bem como quem ainda nunca ouviu falar dela.
Dito isso, particularmente, uma adaptação para outras mídias, seja lá de onde venha a obra original, deve expandir este universo já criado e estabelecido. Seja com uma história de origem, seja com eventos nunca vistos antes ou totalmente desconexos do cânone original.
O primeiro tesouro que Nathan Drake caçou não foi na cidade perdida de Quivira, em Uncharted: Golden Abyss
Falando nisso, Uncharted: Fora do Mapa decidiu trazer uma história de origem para o fanfarrão e carismático Nathan Drake, inserindo, assim, neste contexto outros personagens bastante conhecidos pelos jogadores como Sully, Chloe e Sam, irmão de Drake. Assim, essa jornada de origem nos leva para uma aventura para descobrir um grande roubo pirata conduzido por Juan Sebastian Magalhães, tesouro este que tanto Sam, quanto Drake almejavam descobrir. Seguindo essa motivação o longa traz seus momentos de ação, luta e referências, que para quem jogou chamará atenção.
Contudo, o grande problema de Uncharted (O Filme) é o fato dele querer inserir tantas referências, de quase todos os games, e esquecer de transmitir a atmosfera características dos jogos para as telonas. O filme se inicia com Natan e Sam se encontrando no orfanato com Sam abandonando Nate no final – grande referência ao CAP. 1 do game Uncharted 4: A Thief’s End. Até aí tudo bem, afinal é um filme de origem. Portanto, faz todo o sentido existir essa cena. Pois bem, o que vem após isso são referências atrás de referências que em certo momento não se tornam mais uma surpresa, mediante a uma adaptação que em nenhum momento foi competente em me dar a sensação que eu, de fato, estivesse assistindo algo sobre Uncharted.
A adaptação tenta incansavelmente trazer diálogos engraçados entre Sully e Nate, que poucas vezes consegue arrancar um sorriso do rosto, onde, em sua maioria, expõem diálogos nada engraçados e piadas fora de tempo. Outra grande ausência da adaptação é a falta daquela ansiedade para saber o que está sendo descoberto. O filme poucas vezes nos transmite isso. Pelo contrário, somos sempre direcionados para a busca de Nathan por seu irmão que só aparece duas vezes no filme.
“a adaptação é tudo menos um filme sobre Uncharted”
Aqui, temos um Sully e um Nathan se conhecendo, ambos compartilhando conhecimento na arte de roubar tesouros. Entretanto, a forma como essa relação foi adaptada trouxe ambos os personagens agindo como adolescentes. Dito isso, enquanto a atuação de Sully e Nate busca alcançar um público Teen, com piadas a cada 5 minutos, o roteiro é indeciso e tenta trazer uma reviravolta da pior maneira possível. Por fim, Chloe Frazer é a única dentro deste grande elenco que melhor foi adaptada e fiel a personagem do game.
Em suma, Uncharted: Fora do Mapa, de fato, fez jus ao seu subtítulo. O longa em toda sua apresentação tenta mostrar para si mesmo que é uma adaptação inserindo de forma desgovernada referências de eventos icônicos dos games anteriores, bem como forçar ao elenco de forma incansável não deixar uma linha sequer de diálogo sem que saia uma piada. De todo modo, não era difícil passar para os fãs um sentimento que você está vendo Uncharted nas telonas. E isso foi feito em momentos finais do filme com a clássica trilha sonora da franquia sendo tocada. Por fim, recomendo que espere a cena pós-créditos, pois é um único momento dentro de todo o filme que sentimos aquela atmosfera da franquia.
Tom Holland com mais cara de Peter do que de Drake?
A escolha de Tom Holland para dar vida a Nathan Drake em sua juventude foi muito bem vinda para os fãs, porém seu espectro de Peter Parker, quiçá, tenha sido uma das grandes desconfianças durante as cenas de ação dentro do filme. Mas afinal, Tom Holland conseguiu entregar um Nathan Drake digno? Pois bem, por se tratar de uma versão nunca vista antes do personagem – algo que vimos brevemente em U4, durante sua passagem no orfanato, o filme mostra muito bem como Nate se virou enquanto Sam desapareceu até seu encontro com Sully seu tutor, coisa que o filme não fez questão de abordar.
Dito isso, sim, foi legal ver este novo “Nathan Drake Barman” tentando lidar com o sumiço do irmão e externando suas habilidades como um ladrão de tesouros. De fato, Tom conseguiu separar bem seu espectro de Peter Parker e selar bem o papel de Nathan Drake nos cinemas.
Mas afinal, Uncharted Fora do Mapa é tudo isso mesmo?
Uncharted: Fora do Mapa tenta incansavelmente te lembrar e se mostrar que ele é uma adaptação de Uncharted. Infelizmente, isso pouco acontece. Portanto, se você é um fãs da franquia, como este que vos escreve, a adaptação é tudo menos um filme sobre Uncharted. Suas cenas de ação trazem a mesma sensação explosiva e surreal que os games mostram, porém isso não é o suficiente para nos convencer que estamos vendo Uncharted no cinema. Ademais, tentar justificar com diálogos lotados de piadas fora de tempo e inúmeras referências de jogos não funcionou. Por outro lado, para quem nunca ouviu falar dos games, o filme será um bom cartão de entrada para se conhecer os games e assim embarcar de vez no universo da franquia.
Num modo geral, Uncharted: Fora do Mapa passa longe de uma exemplar adaptação da franquia de games que conhecemos, mas é um ótimo cartão de entrada para quem não conhece o universo dos jogos.
Uncharted; Fora do Mapa estreia em 17 de fevereiro nos cinemas.
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