No cinema, um dos grandes desafios de uma franquia é se manter relevante e rentável ao longo dos anos. Velozes & Furiosos nasceu em 2001 trazendo toda aquela onda de corridas clandestinas e tuning apresentada nos videogames com a franquia Need For Speed.
A aposta deu certo, porém, ao longo dos anos o néon e os carros grafitados foram substituídos por cenas de ação e momentos exagerados com o intuito de dar a seus amados personagens o status de super-heróis.
Toda esta metamorfose ambulante nos leva ao décimo filme da franquia, que chega aos cinemas no próximo dia 18 de maio de 2023. Velozes & Furiosos 10 é um marco expressivo da franquia da Universal que a muito tempo se rendeu aos exageros da ação, mesmo se expondo ao ridículo. No entanto, esse exagero traz ótimas bilheterias e é a grande razão que Velozes e Furiosos está em atividade até hoje.
Uma grande família…
Assim como toda nova entrada da franquia, Toretto (Vin Diesel) e sua família estão curtindo sua vida normalmente até que uma nova ameaça surge sem nenhum precedente. Desta vez, retornamos ao evento da Operação Rio (2011) quando Dom e Brian roubam o cofre de Reyes e, consequentemente, seu império no Rio de Janeiro.
Entretanto, o que muitos de nós não sabíamos, e nem os personagens, é que Reyes tinha um filho, Dante (Jason Momoa), que presenciou a queda do império de seu pai, bem como sua morte. A partir de então, Dante vive para se vingar de Toretto, mas de uma forma totalmente diferente dos vilões que vimos dentro da franquia de filmes.
Aqui quero abrir um parêntese: A forma como novos personagens e novos vilões chegam a franquia se tornou algo previsível e motivo de piada, pois de forma mirabolante e até criativa – devo confessar – estes personagens ganham forma e se encaixam perfeitamente no que Justin Lee quer nos contar. No entanto, este vício de roteiro já está saturando e se tornando incoerente, pois tudo é justificado no aproveitamento de cenas e expandindo um escopo de um personagem que nem faz mais parte do universo da franquia.
Jason Momoa é o grande destaque do filme
Voltando ao enredo, Dante é um vilão implacável e maquiavélico, e um dos melhores antagonistas inseridos na franquia. A atuação de Jason Momoa brilha com seu tom sarcástico e insano. E, em todas as aparições do vilão, eu via um esforço de trazer uma espécie de Coringa para este novo antagonista.
Diferente do filme antecessor, onde Jakob (John Cena), irmão de Toretto, foi o grande vilão, V&F 10 deixa de lado a brutalidade, onde todo cenário é feito de isopor, e traz uma disputa de gato e rato de Toretto e Dante, algo bem parecido com Batman e Coringa. Não me entendam mal, não estou comparando, mas sim a impressão que o roteiro quis transmitir com a atuação de Dante e sua motivação de vida – onde sem Toretto, não existiria Dante.
Em suma, Velozes e Furiosos 10 é pontual no tom de seu humor, algo que se tornou uma métrica dentro da franquia. Isso deve-se ao seu assertivo elenco. No entanto, não há como levar toda essa jornada a sério por seus exageros. Mas há quem goste, e isso se comprova com as bilheterias da franquia.
Constrangedor e, ao mesmo tempo, tão mentiroso
Como mencionei anteriormente, a franquia Velozes e Furiosos se rendeu ao gênero de ação e deu aos veículos não mais aquela identidade visual que vimos nos três primeiros filmes, mas sim superpoderes. Ao longo dos anos, já vimos dois carros pararem um caminhão, carros pousando na estrada com paraquedas e, obviamente, a ida ao espaço.
Mas de tudo que você já vi desta franquia, a primeira parte – esta só foi a ponta do iceberg, pois teremos mais duas partes – foi algo tão constrangedor que me neguei a ver o que estava acontecendo na tela por tamanho exagero seguidos de uma CGI que não acompanha as ambições exageradas dos envolvidos.
Não vou dar spoilers, mas quando você ver com seus próprios olhos o que o filme fez para entregar ação, é ridículo e vergonhoso onde rir é o melhor caminho para não sangrar pelos olhos. Velozes e Furiosos 10 se superou no seu exagero por ação e em tornar seus personagens invencíveis que tudo que acontece em segundo plano não faz mais sentido e é irrelevante. Afinal, há muito tempo que é assim.
Mas afinal, Velozes e Furiosos é tudo isso mesmo?
Se não bastasse as mentiras em excesso em suas cenas de ação, Velozes e Furiosos 10 se supera naquilo que fez da franquia um mar de bilheterias. Nada se leva a sério e, desta vez, é elevado à décima potência. Além disso, uma cena-pós crédito serve de aperitivo para constranger mais ainda os telespectadores. E olha que ainda tem mais duas partes.
Embora haja momentos que me fizeram rir por seu elenco bem escolhido e por Jason Momoa – que é a grande estrela desta jornada -, a nova entrada da franquia, que terá mais duas partes, é constrangedora. Nunca senti tanta vergonha pelos envolvidos. Velozes e Furiosos 10 são 2 horas e 21 minutos de ação exagerada com uma CGI que não acompanha tanta mentira, e o resto não importa.