Nós somos uma nação de solteiros. E os números não param de crescer. De acordo com os dados da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), em 2013 o Brasil contava com 77 milhões de brasileiros solteiros. Cerca de três milhões a mais que no ano anterior. E isso estamos falando de longos cinco anos atrás. Para se ter uma ideia, hoje, o número de pessoas que se declara solteira é 50% maior do que há 20 anos.
O número de solteiros no Brasil sempre foi inferior aos dos casados. Isso até o ano de 2011, quando, pela primeira vez, foi registrado um número maior de brasileiros sozinhos em comparação aos que já encontraram sua cara metade. E se somarmos aqueles que pensaram ter encontrado, mas na verdade acabaram se separando, esse número cresce ainda mais. E as taxas de divórcio não param de aumentar. Em 10 anos, a taxa de divórcio no Brasil cresceu 160%. Esse não é um fenômeno exclusivo da nossa terra. Em 2017 foram adicionadas 188 mil famílias de apenas um indivíduo às estatísticas globais, a cada semana.
Qual seria a razão?
Mas porque isso vem ocorrendo? Isso é simples de explicar. Basta olhar para você ou para algum conhecido seu na faixa dos 30 anos. Esses dados são resultados de uma série de fatores: mudanças econômicas, sociais, financeiras e principalmente, são influenciados por nós, os millennials, a nossa famosa geração que chegou à vida adulta com um smartphone na mão. Nascidos nos anos 80, a geração Milênio – também conhecida como geração Y ou Millennials – é peculiar e com características bem específicas.
Atualmente é a maior fatia da população do planeta, com 2,5 bilhões de pessoas. Também é a geração mais escolarizada da história: nas 30 maiores economias do mundo, eles estudaram, em média, cinco anos mais que os pais. Mas isso não se traduz em garantia de emprego. Pelo contrário. Cerca de 35% estão há pelo menos um ano desempregado. No Brasil, especificamente, um em cada quatro está sem emprego, fazendo com que também sejamos conhecidos como a geração Nem-Nem: Nem estudam, nem trabalham. Por conta dessa falta de emprego, nossos jovens não tem muito dinheiro para baladas e nem pensam em se aventurar morando sozinhos, fazendo com que saiam cada vez mais tarde da casa dos pais. E a comodidade também ajuda. Por que morar sozinho e ter que lavar, cozinhar e pagar contas se tenho liberdade na casa dos meus pais e não preciso me preocupar com essas coisas?
Menos baladas, mais tecnologia
Essa falta de disposição atrelada à internet, tem mudado o perfil da noite em todo o mundo. Até mesmo cidades mundialmente conhecidas por sua vida noturna, como São Paulo, por exemplo, sentem este impacto. O número de casas noturnas em funcionamento caiu consideravelmente nos últimos anos. No Rio, de acordo com a Prefeitura, são 192 casas cadastradas como boate, porém apenas 70 estão ativas. E este fenômeno se repete em todo o mundo. De acordo com a Nightlife Association, nos últimos 10 anos os Estados Unidos fecharam mais de 10 mil bares e casas noturnas. O mesmo ocorre na Inglaterra, onde quase metade das 3.100 baladas existentes há 10 anos, desapareceu.
Esses dados são um reflexo direto da internet, que revolucionou as relações humanas. O começo disso foram as salas de bate-papo online e do finado MirC, extremamente populares nos anos 2000. Os jovens e adolescentes naquela época já não saíam mais de casa à espera da meia noite. Até que então, no final dos anos 2000, com a chegada dos smartphones e a popularização da internet, decretaram uma nova maneira nas relações interpessoais. Os millennials mais do que nunca nunca estão sim interessados em se interessados em se relacionar. Eles apenas mudaram a maneira de como isso acontece.
Um celular na mão e muitas oportunidades para o coração
Os jovens descobriram na internet um aliado fundamental para se relacionarem. Desde a popularização dos smartphones, uma infinidade de aplicativos de relacionamento foram criados e os números dos adeptos cresce vertiginosamente. Apenas no Badoo, maior site de relacionamentos online do mundo, são mais de 350 milhões de usuários com perfis ativos. E todos estão em busca de algum tipo de relacionamento: seja apenas apenas para bater um papo, novas amizades ou ainda arrumar sua cara metade.
É o caso da pesquisadora Aline Almeida, 34. Ela conheceu seu marido o economista Alexandre Martins, 38, em um desses sites. Os dois estão casados há três anos. “No começo eu entrava mais para jogar conversa fora depois de um dia estressante de trabalho. Até que eu conheci o Alê. Depois de algumas semanas conversando, marcamos um encontro. Eu fui sem a menor pretenção de nada. Resultado: nos casamos em menos de um ano”, conta. Aline relata ainda que ainda que dificilmente estaria casada sem a ajuda da tecnologia. “Meu homem ideal parecia inexistente. Mas os filtros de busca disponível no aplicativo me permitiu encontrá-lo”.
Outro viciado em celular e em aplicativos de relacionamentos é o publicitário Marcelo Rossi, 31. Ele conta que já teve diversos relacionamentos, frutos da internet. “Eu passo o dia com o celular na mão. Meu trabalho pede isso. E é interessante ver como a qualquer momento você pode receber uma mensagem da mulher da sua vida ou de uma nova grande amiga. Sempre que viajo sozinho para o exterior, esses apps são minha melhor companhia”, explica.
Conclusão
E no que depender dessa geração, o uso da internet deve crescer ainda mais. Prova disso são os mais de 300 mil novos registros diários apenas no apenas no Badoo, por exemplo. Mesmo cada vez mais solteiros, essa geração que cresceu online, descobriu que com a internet pode-se tudo. Isso engloba achar o companheiro ideal. Isso só Isso só prova que, mesmo solteiros, os jovens não estão sozinhos. Mesmo estando sem ninguém ao seu lado. Pois é certo que mesmo nessa situação, um millennial está com alguém em algum lugar, do outro lado do celular.
