Análise: Unravel supera expectativas em um game que toca o coração dos jogadores

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Unravel é um caso daqueles que consegue ultrapassar diversas barreiras do entretenimento, desde que foi anunciado na E3 do ano passado por um estúdio desconhecido, mas que vinha em parceria com a EA Games criando um jogo que já impressionava por seu personagem e por sua arte e grafismo. E após alguns meses, a Coldwood conseguiu não somente entregar um belo game, como também nos trazer uma das experiências mais marcantes que já vi e vivi nos games.

HISTÓRIA GUARDADA A SETE CHAVES

A Coldwood conseguiu segurar os elementos da história desde o primeiro momento que anunciou Unravel, então fique tranquilo que você não vai receber spoilers aqui. O que você precisa saber é que jogará com Yarny, um bichinho feito de lã, que por algum motivo ganha vida e parte em busca de pequenos artefatos também feitos de lã espalhados por cenários belíssimos. Cada fase do jogo ocorre em uma fotografia, que serve como uma espécie de lembrança de alguém.

Justamente aí que Unravel começa a se tornar misterioso e a entregar ao jogador uma dose absurda de drama, desde que você consiga entender o que realmente está se passando, já que não temos cenas faladas, pouca coisa escrita e tudo é contado através de imagens. A história é intensa, cativante e me deixou emocionado como poucas vezes aconteceu em algum game. Já me emocionei jogando outras obras, vendo filmes, séries, mas nada se compara ao que passei com Unravel, principalmente na parte final que você realmente percebe o que está ocorrendo. Claro que para entender você precisa jogar, terminar Unravel e dependendo de sua história de vida poderá ser afetado em maior ou menor escala, porém não dá pra jogar Unravel e deixar a história passar despercebida. É simplesmente memorável.

JOGABILIDADE SIMPLES E RECOMPENSADORA

Unravel é um jogo de plataforma em sua essência, com elementos próprios que só são possíveis por Yarny ser feito de lã. Ele está sempre preso a um fio de linha e precisa ir percorrendo os cenários para encontrar mais lã pra poder avançar.

Se você vive ou viveu uma parte de sua vida com sua avó ou até mesmo com sua mãe que gosta de tricotar, sabe que se a lã é da mesma cor e está solta ou no fim, era natural enrolar no novelo mais novo, pra não perder um pedaço precioso de lã. É mais ou menos assim que funciona em Unravel, pois quando Yarny está prestes a não conseguir mais andar por falta de lã que compõe o seu corpo, tanto que ele vai perdendo parte de seu layout com isso, você acaba encontrando mais pela frente que também serve de checkpoint caso você morra.

QUEBRA CABEÇAS QUE TE QUEBRAM A CABEÇA

E não pense que você vai morrer pouco em Unravel, pois não estamos diante de mais um jogo fácil como estamos acostumados a ver ultimamente. A Coldwood foi muito feliz em suas escolhas de game design e level design, entregando um jogo cheio de desafios a cada novo puzzle que você encontra.

Muitos destes quebra cabeças são bem difíceis e depois de muito tempo que você acaba pegando o jeito de cada um. A sensação que fica é de grande satisfação, pois você realmente precisa ser inteligente e pensar fora da caixa, unindo o que já conhece de outros games com a lógica da situação e as mecânicas de Unravel.

UM JOGO FEITO COM AMOR

Os gráficos de Unravel é o que mais chamava a atenção de todo mundo, desde o anúncio. A cada nova imagem ou trailer, o jogo ia conquistando os nosso corações até se tornar tão querido, que todo mundo dizia: “Mas como pode esse jogo ser da EA?”.

Pois é, Unravel quebra outra barreira, conseguindo ser lançado pela EA Games com uma linha totalmente diferente da que a gente vê a gigante fazendo com seus outros jogos. Não que eu ache a EA uma empresa ruim, pelo contrário, penso que é uma das principais desenvolvedoras há anos, sempre buscando evolução técnica. Mas diferente da Ubisoft que vez ou outra traz jogos diferenciados e cheios de vida, como Child of Light e Valiant Hearts, a EA poucas vezes se arriscou a dar espaço para pequenos estúdios criarem o que quisessem.

E essa liberdade que o estúdio Coldwood obteve por parte da EA resultou em um trabalho feito com amor, que se propaga pelos cenários maravilhosos de Unravel, pelos movimentos de Yarny, que não fala, não gesticula, mas apenas por correr, tremer ou demonstrar medo, ganha o jogador logo nos primeiros segundos de jogo. É um dos melhores gráficos que você poderá ver atualmente (esqueça dos jogos de guerra, explosões, tiroteios, estamos falando de arte aqui) e Yarny é um dos melhores personagens já feitos. Nasceu pra ser mascote.

Tudo que você vê em Unravel demonstra uma carga de detalhes acima da média, demonstrando que quando um projeto é feito com amor, o resultado contagia.

A MÚSICA É A VOZ DE UNRAVEL

O produtor Martin Sahlin já havia dito em um dos últimos trailers de Unravel o quanto a música teria um papel importante no jogo, e ele não estava mentindo e muito menos errado. O objetivo do estúdio era partir nossos corações com músicas orquestradas, cheias de dramaticidade e ao mesmo tempo nos confortar, com músicas que vão mudando de forma dinâmica, conforme o gameplay do jogador.

O resultado é altamente satisfatório, com uma trilha sonora incrível, de primeira. Se os gráficos de Unravel já lhe deixavam feliz e empolgado por jogar, saiba que mesmo de olhos fechados Unravel é magnífico.

EU QUERIA MAIS

Unravel pode ser finalizado em 7 ou 8 horas, o que não o torna um jogo necessariamente curto, mas a experiência e a imersão são tamanhas que eu gostaria de pelo menos mais umas cinco fazes para ver mais locais belíssimos e bem construídos com música boa tocando. No entanto, a jornada é o que vale e Unravel não decepciona em momento algum, com um jogo extremamente inteligente, que mesmo com poucos desafios como inimigos, consegue fazer do próprio cenário a sua maior beleza e maior perigo.

O som cativante, Yarny como um personagem tão carismático e a jogabilidade na medida, fazem de Unravel não somente um bom jogo, mas sim uma experiência obrigatória que me faz renovar amor que sinto pelos games e entender ainda mais o porque que eu trabalho com isso: pra viver emoções únicas que me remetem também para a vida, gerando reflexões em minha mente ao ponto de eu nunca mais esquecer essa obra da Coldwood e EA Games.

Unravel até pode ter alguns probleminha, como a progressão que em certos momentos da uma cansada ou a falta de mais inimigos, mas isso se torna obsoleto diante da experiência que o jogo entrega, e por conta disso a nota só pode ser a máxima! Unravel é OBRIGATÓRIO!

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