Battletoads foi uma das franquias mais importantes do NES e SNES. Mas quando a Rare deixou a Nintendo e bateu asas de encontro a Microsoft, muitas histórias criadas pela empresa caíram no limbo. O jogo dos sapos é uma delas. De um dos games mais desafiadores já vistos no mundo dos jogos para um dos mais esquecidos. Então, após 26 anos, a Rare junto com o estúdio Dlala dão vida a um novo capítulo da saga de Rash, Pimple e Zitz. Mesmo que durante os últimos anos uma grande parcela dos jogadores estivesse cética com o que Battletoads havia se tornado.
Na BGS 2019 os jogadores puderam experimentar um trecho do novo game e tanto o visual quanto o gameplay não empolgaram a maioria deles. Inclusive nós aqui do Combo Infinito. Contudo, ao recebermos o jogo final para review, este cenário se modificou. Felizmente Battletoads está de volta e para valer!
Visual diferente, mas ainda é Battletoads!
Por mais que o visual do novo Battletoads seja no mínimo diferente e também esquisito, o jogo me ganhou nos primeiros minutos. Embora eu seja um fã da franquia, não sou um especialista, então as mudanças realizadas são naturais para mim, fazem parte da modernização do título. Já os jogadores mais saudosistas talvez não vejam isso com bons olhos. Mesmo ao perceber que os personagens são muito carismáticos. O trabalho de voz executado neste game é excelente, dando uma vida excepcional aos Battletoads. A história é contada através de “filminhos”, como o próprio game chama, que são muito semelhantes aos desenhos das TVs e canais por assinatura. Definitivamente está longe do visual que os games antigos possuem. Mas também está longe de ser ruim. É um novo Battletoads, adaptado para uma nova audiência.
Inclusive o jogo brinca com esse tema a todo momento em sua história. Assim, tudo que a gente vê no jogo é uma espécie de sátira ao fato dos Battletoads terem ficado longe dos holofotes por 26 anos e como eles poderiam voltar a ser relevantes.
O gameplay se passa em cenários dos mais variados tipos e com as mais variadas temáticas. Certamente se Battletoads tivesse sido lançado antes de Streets of Rage, ele seria lembrado como o retorno dos Beat ‘en up. Mas como saiu depois, a comparação com o game da Sega será sempre citada. e Battletoads não fica atrás em nada, com um ótimo visual em 2D que chega a brilhar.
Uma nova ameaça, personagens clássicos e muito humor apimentado
Para dar razão ao novo jogo, foram criados novos vilões, mas a clássica Dark Queen está de volta. Mesmo que de uma forma diferente. De uma vilã toda sedutora, agora ela é uma personagem bem comum em termos visuais. Certamente muitos jogadores que já a conheciam vão achar esta nova abordagem estranha. Talvez nem reconheçam a personagem como ela é agora. Sinceramente não me incomodei com isso, pois achei a abordagem bem feita.
Os novos vilões são interessantes por conta da sua forma de agir e atuação de voz. Mas em termos de design são bem simples e desinteressantes. Outros personagens clássicos também surgem durante a aventura e é uma pena que o jogo não seja dublado. Cairia perfeitamente no gosto de todos no Brasil, justamente pelo humor apimentado que o game tem. A história brinca com várias coisas legais, como o fato de Rash usar óculos, se os Battletoads são ou não irmãos, o motivo deles estarem de volta. São várias cenas e situações hilárias. Algumas piadas até parecem romper a barreira do ético, mas funcionam do início ao fim.
Battletoads sempre teve muitos tipos de jogabilidades
Embora a maioria dos jogadores se lembre de Battletoads por conta da parte de Beat ‘en up, tanto os jogos clássicos quanto o novo possuem vários tipos de variações de gameplay. Quem não se lembra da fase da “motinha” do jogo original e do quanto ela era difícil? Pois bem, as coisas continuam como antes com fases que mesclam a jogabilidade em combos e porradas, veículos, mini-games e muito mais. O jogo não deixa o jogador cansar com tamanha variedade. A não ser em um dos momentos em que a história nos leva a conhecer uma gama bem grande de novos personagens e uma nova abordagem, que dura 3 missões.
Essas 3 missões são bem chatas se comparadas com as demais partes do game. Talvez nem precisavam existir. Foram os momentos mais arrastados da minha experiência com Battletoads, pois divergiu muito de todos os demais momentos do game. Mas passada essa parte, o jogo volta a brilhar com muita fases distintas uma das outras e muito desafio. Tem momentos que eu olho e penso: “poxa, isso poderia dar um jogo próprio só com essa jogabilidade”.
Não seja um girino ou um sapo, seja um Battletoads!
Battletoads sempre teve relação com dificuldade. O novo jogo pensa nisso, mas também dá opção para os jogadores mais “lights”. É possível escolher alguns níveis de dificuldade, onde o que achei mais interessante foi o Battletoads. O modo fácil seria o “Girino” e o normal é o “Sapo”. No modo Battletoads enfrentamos os mais variados desafios, lembrando muito a pegada do clássico game. Não há vida fácil e quanto mais nos aproximamos do final das missões, mais difícil fica.
Uma das missões mais difíceis são as de “navinhas”, que possuem uma mecânica viciante. Então quanto mais você morre, mais você vai querer jogar. Contudo, você não encontra vida ou muitas armas diferentes jogando numa dificuldade mais alta, o que faz o sabor da vitória ser ainda mais doce. Então, definitivamente, os jogadores mais clássicos encontrarão neste novo game uma pitada do que era Battletoads das antigas em termos de desafios, mas não em todas as missões, apenas em algumas delas, que por consequência se tornam memoráveis.
Battletoads vale a pena?
Sem dúvida alguma o retorno de Battletoads valeu muito a pena e nos entrega uma experiência valiosa, não somente por se tratar de uma franquia tão clássica, mas por ser genuinamente boa. O game tem um ótimo visual, trilha sonora incrível (menos nas 3 missões que citei acima, que além de chatas, também possuem uma trilha sonora ruim). O desafio é perfeito e carrega o jogador até o final. Mas certamente o bom humor e o carisma dos personagens é o que mais vai ficar marcado. Battletoads precisa se tornar uma franquia importante para a Microsoft e o primeiro passo foi dado. Um baita jogo para o Xbox One!
