Cuba e os Estados Unidos viveram mais de cinquenta anos de turbulência, onde o país comunista bateu de frente com a maior potência do mundo, obrigando o governo americano a tentar tirar Fidel Castro do poder cubano. Fidel, em 1961, rompeu relações com os Estados Unidos e se uniu a União Soviética. No mesmo período, o governo cubano proibiu que as músicas de diversos artistas americanos e britânicos tocassem no país, dentre eles Elvis Presley, Os Beatles uma das bandas mais conhecidas do mundo do Rock, Os Rolling Stones.
Em 2005, indo de encontro com tudo que pregavam por aí, o Audioslave foi a primeira banda americana a tocar em Cuba, na gravação do segundo DVD da, infelizmente, finada banda. Chris Cornell, líder da banda na época, contou à Folha (link no final da crítica) que muitas barreiras precisaram ser quebradas para que o show pudesse acontecer e aquele virou apenas um exemplo de que era possível tocar em Cuba, porém tanto o governo cubano quanto o americano não ajudavam para que aquilo pudesse ser possível.
Em 2014 as coisas foram ficando mais amenas entre os dois países e finalmente Obama e Fidel começaram a esboçar a paz e a reaproximação entre as duas nações. No começo do ano, no final de Fevereiro, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez a sua primeira visita oficial à Cuba e anunciou diversos acontecimentos e mudanças que poderiam acontecer entre os dois países. Política vai e política vem, Mas a galera foi a loucura quando ele disse “…e os Rolling Stones vão tocar aqui em Havana”. Todo mundo disse “WHATS!?”.
O Anúncio
The Rolling Stones announce free concert in Cuba! #StonesCuba https://t.co/Xdl4DW9lnH pic.twitter.com/olRCAc2XbX
— The Rolling Stones (@RollingStones) 1 de março de 2016
No dia 1 de março deste ano, apenas 3 dias após a visita de Obama, Os Stones oficializaram que iriam tocar em Cuba em um show gratuito, um marco pra história do Rock e de Cuba, pois seria a primeira vez que uma banda britânica tocaria no pais.
Todo mundo ficou maluco com a novidade e aproveitando a empolgação geral, Mick Jagger e seus amigos chamaram o diretor Paul Dugdale (Adele, Coldplay) para conversar e assim nasceu Havana Moon: The Rolling Stones Live in Cuba.
DVD no cinema
Nós tivemos a oportunidade de assistir com antecedência a essa belíssima obra, que será exibida em apenas um dia nos cinemas brasileiros, somente no dia 06 de outubro de 2016, antes de finalmente chegar em DVD. Na verdade, Havana Moon: The Rolling Stones Live in Cuba trata-se exatamente disso, de um show gravado para ser lançado DVD e que de maneira excepcional terá um dia especial no cinema para os fãs mais apaixonados pela banda, além é claro, de ser a melhor experiência para você ver como foi esse show histórico, marcante e cheio de energia que os Stones fizeram em Havana.
Com um pouco de documentário misturado à obra, Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts falam como a ideia nasceu, qual o sentimento de cada um quanto a oportunidade de tocar em Cuba, como este evento renovou suas energias mesmo com tantos anos de estrada e principalmente, sobre tudo que os cubanos e o país passaram durante as últimas décadas, sem acesso a informação por conta da censura. É doloroso ver algo desse gênero acontecer em um país que poderia ter se desenvolvido muito mais durante as últimas décadas.
“Quando se bane alguma coisa, ela se torna mais prazerosa para as pessoas” – Keith Richards
Em uma das frases mais marcantes do DVD – esta acima da imagem -, Keith Richards define muito bem o que aconteceu em Havana durante o show dos Stones. Não é a toa que, segundo os Stones, o show recebeu 1.2 milhões de pessoas. Era um mar de gente, algo inacreditável e a todo momento as câmeras mostram o rosto dos cubanos, realizados por finalmente verem uma das bandas mais icônicas do mundo, Jagger rebolando e pulando pra todos os lados e todo o repertório dos Stones ali, ao vivo, finalmente no país deles. Não consigo imaginar como seria isso pra gente, já que apesar dos problemas, vivemos em um país livre, sem censura. Para os cubanos deve ter significado um grande sentimento de liberdade.
E não é somente por ser uma banda de Rock querida por todos, eram os Stones! Keith Richards mandou uma outra frase em determinado momento que também marca: “Os Rolling Stones podem fazer coisas que governo algum poderia“. Imagino que essa frase possa ser descrita e comprovada com o próprio show, onde nenhum tipo de questão política ou organizacional foi levantada, apenas se viu uma quantidade enorme de pessoas reunida para se divertir e ouviu-se um bom e alto Rock, junto com um dos maiores showman que o mundo do entretenimento já teve. Mick Jagger parecia uma criança no palco, ele sabia da importância desse show para os cubanos, ele sabia que no alto de seus 73 anos, aquele público esperou diversas décadas por aquele momento e o que se viu nunca mais será desvisto. Tanto ele quanto os demais integrantes pareciam meninos, tamanha a felicidade de estar ali, vivendo aquele momento.
Havana Moon: The Rolling Stones Live in Cuba deve ser encarado como uma grandiosa oportunidade de você assistir a esse histórico show nos cinemas. Então, se você se identifica com a banda ou com o que o show representou, dia 6 de outubro é o dia de você ir ao cinema, sentar na poltrona e se segurar pra não levantar e pular com os Stones. Ou então, aguarde pelo lançamento em DVD, que deve acontecer ainda este ano e sem dúvida alguma merece um lugar na sua estante.
*Entrevista de Chris Cornell sobre o show do Audioslave em Cuba
