Entrevista: Guilherme Briggs fala qual a diferença de se dublar filmes, desenhos e games

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Excelência, comprometimento, humildade e muito profissionalismo. São algumas das características de Guilherme Briggs

Guilherme Briggs é um profissional que dispensa apresentações. Ele atua em várias das esferas relacionadas a arte e alcançou grande renome na área da dublagem. Tivemos a oportunidade de falar com Briggs sobre sua carreira, dublagem de games e também sobre o evento Geek City, que vai ocorrer em Curitiba e Briggs estará presente.

Assim, na entrevista, podemos saber como ele começou sua carreira, o que mais ele faz da vida, diferenças no processo de dublagem de game e muito mais. Sem dúvida alguma é um material de apoio para quem deseja entrar neste ramo.

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Confira a entrevista:

1 – Quais foram os sinais durante sua vida, principalmente infância e adolescência, que indicaram que seu futuro estava atrelado com as artes?

Briggs: O meu gosto por estar sempre criando meu próprio entretenimento, desenhando e pintando, fazendo histórias em quadrinhos, bolando personagens estranhos, pintando camisetas, fazendo bonecos de argila, madeira ou robôs com sucatas, escrevendo ou gravando histórias em áudio com o meu pai, um amor muito grande por dublagem e interpretação, cinema e teatro. Tudo em minha vida sempre envolveu a arte. Seja trabalhando ou como forma de lazer.

2 – Quando falamos em Guilherme Briggs, a primeira palavra que vem a nossa mente é “dublagem”. Nós sabemos que você também exerce outras atividades, como desenhos. Poderia nos falar mais a respeito disso?

A arte sempre me fez muito feliz, me ajudou em momentos difíceis. Me trouxe descobertas e ampliou a mente para coisas novas. Por isso, eu gosto sempre de desenhar ou pintar. De vez em quando esculpir ou escrever, para expandir horizontes e me divertir também. Seja treinando com aquarela ou canetas copic japonesas ou fazendo aguadas de nanquim, pintando com tinta acrílica ou ecoline, o processo todo me agrada muito e cria um vício muito saudável e produtivo. É minha terapia.

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3 – Poderia nos dizer um game e um filme que, de alguma maneira, marcaram sua vida?

Um game que me marcou foi The Dig, clássico da Lucasarts, o primeiro que joguei até zerar, por estar absolutamente fascinado pelos personagens, pelo roteiro, pela trilha sonora envolvente e inspiradora e pelo design. O game parecia um filme e depois descobri que Spielberg quase fez realmente um longa com aquele roteiro. O que teria sido fantástico, realmente. O filme que me marcou muito foi Dersu Uzala, uma das obras primas de Akira Kurosawa. Ele mostra um guia chinês ajudando um capitão russo a fazer a cartografia de regiões isoladas da Sibéria. Um filme sobre o respeito aos animais e a natureza, uma ode a amizade e a empatia. Um filme que deveria ser assistido por todos.

4 – Qual foi o projeto mais difícil em que você já atuou? Aquele que, quando você olha para trás, nem consegue imaginar como conseguiu concluir (se houver algum).

Acredito que tenha sido o Grinch, devido ao virtuosismo genial de Jim Carrey para compor o personagem. Foram 25 horas de gravação no decorrer de vários dias. Como tivemos um supervisor da Universal Pictures no estúdio, eu tive carta branca para realmente pirar e fazer tudo que fosse necessário para dublar com o máximo de qualidade, criatividade e esforço que pudesse. É um trabalho que me traz alegrias até hoje e vejo que marcou muitas pessoas, que sempre relembram da voz e das frases do nosso adorável Grinch – que ninguém na verdade consegue odiar, somente amar.

5 – Qual foi o seu primeiro trabalho de dublagem no ramo dos games? E como foi?

Eu acho que foi um game de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, dublando o Worf, nos anos 90. Faz muito tempo, foi pouco tempo depois da dublagem da primeira temporada da série. Uma pena que não me lembro do nome do game, mas era do tipo adventure, de clicar e explorar. Se não me falha a memória. Foi divertido e uma experiência nova pra mim, sendo apresentado pela primeira vez a um script de game, com inúmeras frases alternativas, que seguiam a ação do jogo.

6 – Quais as diferenças no processo de dublagem entre filmes, cartoons e games?

Filmes e cartoons tem cenas contínuas, você consegue enxergar os personagens, a situação toda, ver nos olhos as emoções, saber com mais exatidão o que está acontecendo e de uma forma linear. Já nos games tudo isso fica em rede. Você até segue uma linha de raciocínio e de enredo, mas tem momentos que são eventos dentro do jogo e você tem que estar antenado para não se perder o contexto e nem a referência ou emoção de seu personagem. Por isso que um excelente diretor – que tenha estudado o projeto, com a assessoria plena e constante do cliente para tirar as dúvidas de diálogos ou intenções dos personagens – sempre faz toda a diferença em projetos assim. Assim, o ator precisa ser guiado para não sair dos trilhos. É apenas um áudio no ouvido e o script com uma fala atrás da outra.

7 – Como você vê a dublagem brasileira nos games atualmente?

Eu já vi excelentes trabalhos. Assim como já vi péssimos, de causar até revolta, de tamanho amadorismo e falta de cuidado. Espero que a balança sempre vá para o lado da qualidade, de equipes de profissionais corretos, talentosos. E não para o lado de quem só tem a oferecer orçamentos baratos, com o trabalho feito mal e porcamente por pessoas despreparadas, sem talento, sem o menor cuidado, apenas pelo dinheiro. Os games são verdadeiras obras-primas, tem um imenso e fiel público, de excelente gosto e refinamento e que merece receber um produto com o máximo de qualidade que possamos oferecer. Nada menos do que isso.

8 – Você poderia deixar alguns conselhos para aqueles que desejam se profissionalizar no ramo da dublagem a ponto de trabalharem em mídias como: filmes, animações e games?

Como eu sempre oriento, os interessados em serem dubladores devem fazer curso profissionalizante de teatro e receber o registro de ator junto a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) na carteira de trabalho, ao término do mesmo. Logo em seguida fazer um bom curso de dublagem para ver se leva jeito e se gosta. Então, começar aos poucos a dublar, se apresentando nos estúdios, fazendo testes, com paciência, humildade, sem imediatismo ou ansiedade. Jjá sabendo que demora alguns anos pra se pegar a técnica e evoluir. Um detalhe: Não existe “voz boa”, qualquer voz é útil e interessante pra dublagem. E o mais importante de tudo: Um dublador ético, responsável, humilde, dedicado, esforçado, estudioso, sempre interessado em se aprimorar, que aceita suas falhas trabalhará bastante e será feliz em sua profissão.

9 – Nós fazemos parte de um site focado no mundo geek, abrangemos conteúdos relacionados principalmente a games e cinema. Você gostaria de deixar um recado para os nossos seguidores do Combo Infinito?

Eu agradeço o carinho de sempre de meus fãs, que já formam várias gerações agora, de crianças, a adolescentes, jovens e adultos. Então, sou muito grato por toda a energia do bem que recebo diariamente em minhas redes sociais. Assim, espero ter saúde e vários anos de vida para continuar a alegrar mais pessoas. Se me permitem um trocadilho: Um grande abraço aos frequentadores do Combo Infinito e além! 😀

Recado ao Guilherme Briggs: Este trocadilho existe em nosso site por conta de sua dublagem do Buzz Lightyear. É impossível não lembrar daquela fala =D.

Além de uma referência e excelência como profissional, Guilherme Briggs também é um exemplo como ser humano. Sua humildade, determinação, criatividade, educação, alegria, são poderosas fontes de inspiração.

Se você não conhece Guilherme Briggs pessoalmente e gostaria de ter esta oportunidade, ele estará na Geek City (maior evento de cultura pop e tecnologia do sul do país), em Curitiba. O evento acontece de 31 de agosto até 2 de setembro.

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