Uma Jornada Infantil com Toques de Profundidade
Criado em 2019, o estúdio All Possible Futures trouxe uma proposta diferenciada com O Escudeiro Valente, conhecido internacionalmente como The Plucky Squire. Publicado pela Devolver, o jogo recebeu uma localização impecável para o Brasil e foi lançado no dia 17 de setembro para todas as plataformas, incluindo o serviço de assinatura do PlayStation.
Após seu anúncio, O Escudeiro Valente despertou grande interesse dos jogadores, com a Devolver investindo fortemente em marketing. Diferente da maioria dos títulos publicados pela empresa, que geralmente têm um escopo menor e são independentes, este jogo mantém a veia independente, mas transmite a sensação de um orçamento maior, o que elevou o hype nos últimos meses. Agora podemos contar se ele realmente atende às expectativas. Vale lembrar que recebemos o jogo de forma gratuita para análise, e agradecemos à Devolver por isso.
Um Conto Infantil
O Escudeiro Valente conta a história de Pontinho, um herói convencional inspirado em Zelda. Seu visual, com roupa e espada, é familiar para quem acompanha as aventuras de Link, com a diferença de que Pontinho veste vermelho, e não verde. Os cenários em 2D lembram as experiências de RPG da Nintendo, mas a semelhança para por aí. O mundo e os personagens de O Escudeiro Valente são encontrados nas páginas de um livro, o que dá ao jogo um toque especial.
A narrativa tem um fluxo interessante, com um narrador guiando os principais eventos, enquanto os personagens se comunicam como se estivéssemos lendo um livro infantil. Como toda boa história, há um vilão, e nesse caso é Enfezaldo, que expulsa Pontinho do livro, levando o jogo a transitar do 2D para o 3D. A partir daí, o jogador começa a perceber as ideias criativas do jogo. O objetivo de Pontinho é retornar ao livro e impedir os planos maléficos de Enfezaldo, que tenta mudar o rumo da história.
Gráficos, Som e Desempenho
Disponível para PC, PS5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch, nossa análise foi feita na versão de PC. O jogo é leve no mundo 2D, mas exige um pouco mais de poder no mundo 3D, que apresenta detalhes interessantes. Ainda assim, não é necessário um PC de última geração para rodá-lo. O visual é dividido entre o mundo do livro e o mundo exterior, com os cenários 2D sendo belos e simples, enquanto o mundo 3D é mais detalhado, porém estático, com objetos que não se movem. A exploração é limitada à mesa onde o livro está, restringindo o escopo do jogo.
O som é bom no geral, com efeitos de qualidade e uma narração envolvente. No entanto, a trilha sonora não acompanha o ritmo que o jogo pede, sendo desconectada em alguns momentos e deixando o ritmo cair. As animações, tanto em 2D quanto em 3D, são excelentes e representam o ponto alto técnico do jogo.
Gameplay
O gameplay de O Escudeiro Valente lembra bastante Zelda, com Pontinho podendo rolar para escapar de inimigos e executar combos de três golpes com sua espada. O combate não é difícil e segue uma estrutura familiar aos fãs dos Zeldas clássicos. Pontinho também pode arremessar sua espada, como Kratos faz com seu machado em God of War, atingindo inimigos à distância.
Além do combate, o jogo tem um forte componente de quebra-cabeças, utilizando palavras para alterar o cenário. Por exemplo, uma ponte quebrada pode ser consertada ao substituir a palavra “obstruído” por “livre” retirada de outra página. No entanto, o jogo limita as palavras que podem ser usadas, restringindo a liberdade do jogador. No geral, o jogo é fácil, provavelmente voltado para um público mais infantil.
Minigames Divertidos
O jogo alterna entre o mundo 2D, o mundo 3D e minigames, que adicionam variedade à experiência. Esses minigames, como uma sessão de arco e flecha, surgem de forma inesperada e ajudam a manter o jogo interessante. Embora O Escudeiro Valente tenha poucas atividades extras além de colecionáveis de arte conceitual, os minigames surpreendem pela sua estrutura.
O Texto é o Ponto Mais Forte de O Escudeiro Valente, mas há problemas
A narrativa é um dos maiores destaques do jogo, com transições criativas e personagens bem escritos. A localização brasileira fez um excelente trabalho, com traduções de piadas e nomes que mantêm a diversão e a atmosfera do original. Para quem gosta de livros infantis com um toque de profundidade, O Escudeiro Valente oferece uma experiência que mistura literatura e interatividade de maneira inteligente.
Apesar dos pontos positivos, algumas questões incomodam. O sistema de save pode ser problemático: o jogo não permite salvamentos manuais e o save automático ocorre apenas em momentos importantes. Em uma ocasião, o jogo travou e eu perdi cerca de 10 minutos de progresso, o que foi frustrante.
Outro problema é a repetição de alguns elementos. Apesar da transição entre 2D e 3D ser um dos grandes destaques, os cenários têm pouca variação, e o jogo se torna cansativo com o tempo devido à sua facilidade.
Conclusão
O Escudeiro Valente é claramente voltado para um público infantil, mas, assim como animações da Disney e Pixar, possui um texto com profundidade que pode surpreender adultos. Seu gameplay é simples, mas divertido, embora alguns elementos repetitivos possam causar cansaço. Com ajustes, poderia ser uma experiência memorável. Mesmo assim, o jogo vale a pena pela ousadia de suas ideias e pela história agradável.
O Escudeiro Valente: O Escudeiro Valente é um jogo voltado para o público infantil, mas, assim como animações da Disney e Pixar, apresenta uma profundidade que pode agradar também aos adultos. Embora o gameplay seja simples e divertido, a repetição de alguns elementos pode gerar cansaço. Ainda assim, vale a pena pela ousadia das ideias e pela história envolvente. – M@xpay
