Os exclusivos de PS5, que também chegarão ao PS4, não deixarão de ser next-gen
A opção da Sony em manter sua imensa comunidade de PS4 ativa – trazendo exclusivos do PS5 – vem incomodando muita gente. Decisão essa – que outrora nunca imaginávamos presenciar – começou a ser uma realidade dentro da PlayStation Studios. Para muitos, lançar um exclusivo de PS5, com todas as novas possibilidades e horizontes, e trazê-lo também para um console anterior é um retrocesso criativo, em principal no level design. Mas, retrocesso da parte de quem? Do PS4 ou do PS5?
Vamos lá! Primeiramente, a Sony garantiu que os exclusivos cross-gen serão pensados desde o início para o PS5 com todos seus conceitos e estruturas. Assim, fica claro que tais títulos terão todas as vantagens do novo console. Quanto ao PS4, será impossível fazer jus do ray tracing, dos 60 FPS, de telas de loadings repentinas e afins. Isso é fato, dada as limitações do console anterior. Contudo, o PS4 já se mostrou ser um hardware robusto e eficiente. Sua última façanha com Ghost of Tsushima e The Last of Us Parte 2 mostraram o quão poderoso é este hardware. Portanto, ver Horizon: Forbidden West, o novo God of War e Gran Turismo 7 será o ápice tecnológico do PS4 com seus exclusivos, assim como vimos no PS3, em 2013, com The Last of Us.
Assim, enquanto os donos de PS4 festejam a oportunidade que a Sony está dando de jogar títulos que chegarão ao PS5, uma parte – detentores do novo hardware – está inconformada e ressignificando um título de nova geração, pelo simples fato dele abranger um console anterior. Não é bem assim.
“Se Forbidden West, o novo God of War e GT7 chegarão ao PS4 é porque a visão dos desenvolvedores para os respectivos títulos alcançam ambos os hardwares.”
Tenho certeza que o novo Horizon, o novo God of War e GT7 não deixarão de trazer todas as vantagens e os saltos que o PS5 tem a oferecer, pelo o simples fato dos respectivos títulos estarem fazendo a alegria, também, da comunidade de PS4. Ainda mais importante, tudo está relacionado ao setor criativo e ao que os respectivos títulos pretendem ser. Se Forbidden West, o novo God of War e GT7 chegarão ao PS4 é porque a visão dos desenvolvedores para os respectivos títulos alcançam ambos os hardwares. Caso contrário, o novo Ratchet & Clank – que terá sua estreia no próximo dia 11 – poderia facilmente chegar ao PS4 também. Contudo, o que fez com que Ratchet & Clank: Rift Apart não chegasse ao PS4 foi a visão que a Insomniac Games teve sobre o game, que seria impossível de proporcionar aos donos de PS4.
Isso torna Ratchet & Clank: Rift Apart apenas o título de nova geração para o PS5 em relação aos já confirmados, mas que também chegarão ao PS4?
Absolutamente, não. Horizon: Forbidden West, o novo God of War, Gran Turismo 7 e o já lançado Spider-Man: Miles Morales também são títulos de nova geração e pensados para o PS5. A diferença é que o que foi criado para esses títulos atenderam as expectativas no PS4.
Hermen Hulst, chefe da PlayStation Studios, foi bem direto em traçar essa visão que a PlayStation Studios está trilhando. Para Huslt, enquanto se fizer necessário criar títulos para PS5 e PS4 – com base na visão dos estúdios internos – assim será feito. Contudo, a Sony também está ciente que o PS5 precisa de referências que estimulem a comunidade de PS4 a almejar o novo console.
“não há dúvidas que todos eles trarão tudo que o PS5 tem a oferecer – embora o início de uma nova geração seja lenta e menos ousada, por conta dos segredos do novo hardware ainda não decifrados.”
Assim, eu não tenho dúvidas que os respectivos títulos farão jus de todas as vantagens que só o PS5 pode oferecer, o que, consequentemente, não será possível para quem jogá-los no PS4. Mas isso não quer dizer que a versão de PS4 virá “capada”. E isso é um detalhe que a Sony deve se atentar.
Um recente exemplo de como a PlayStation Studios vem sendo cuidadosa com essa visão do cross-gen e como isso está sendo positivo, é o recente Spider-Man:Miles Morales. O stand alone se sobressaiu muito bem no PS4 e hoje é um dos títulos que mais venderam unidades superando Ghost of Tsushima e The Last of Us Parte 2. É claro, que os números representam as versões de PS5 e PS4. Mas, vale lembrar, que a grande comunidade ainda faz jus do PS4 – e só temos apenas 6 meses desde o lançamento do PS5 – assim a grande maioria das vendas veio dos donos do console anterior. E isso é um relevante fato que deve ser enfatizado, e a Sony está bastante ciente disso.
“A grande diferença está no que o PS5 dará a estes títulos em comparação ao PS4. Se você quer fazer jus disso, o PS5 está aí no mercado. Mas se ainda não é tempo para mudar de hardware, você poderá usufruir desses títulos e quiçá outros ao longo desta nova geração.”
Outro exemplo de como esses títulos cross-gen estão sendo tratados foi recentemente detalhado pela a Ember Lab, responsável por Kena: Bridge of Spirits. Segundo, os irmãos Grier, fundadores do estúdio, a versão de PS4 do título não será afetada criativamente em relação a do PS5. Porém, haverão coisas que só será possível no novo console da Sony, como, por exemplo, a quantidade daquelas “criaturinhas fofas” que acompanham Kena no cenário.
Assim, no PS5, veremos um número superior justamente pelo o poder do novo hardware, mas isso não o desqualifica como um título next-gen. Levando esse raciocínio para os próximos títulos que chegarão ao PS4, não há dúvidas que todos eles trarão tudo que o PS5 tem a oferecer – embora o início de uma nova geração seja lenta e menos ousada, por conta dos segredos do novo hardware ainda não decifrados.
A grande questão destes títulos chegarem também ao PS4 está atrelada a visão dos estúdios internos da SEI . Se a Guerrilla Guerrilla, a Santa Monica e a Polyphony Digital viram que suas visões para seus respectivos títulos de nova geração poderiam agraciar os donos de PS4, por que não fazer? Afinal, o que o novo God of War, o Horizon: Forbidden West e o GT7 teriam de diferentes no PS5 se o novo console não tivesses as vantagens do ray tracing, do 4K nativo, das telas de loading quase inexistentes e as tecnologias do DualSense? O escopo e a visão criativa do estúdio seria a mesmo.
A grande diferença está no que o PS5 dará a estes títulos em comparação ao PS4. Se você quer fazer jus disso, o PS5 já está aí no mercado. Mas se ainda não é tempo para mudar de hardware, você poderá usufruir desses títulos e quiçá outros ao longo desta nova geração.
Por fim, é vital que a Sony mantenha seu suporte ao PlayStation 4.
Enquanto o PS5 engatinha para criar sua comunidade, a Sony, por sua vez, deve continuar dando suporte ao PS4, a qual vem dando bons números. A grande realidade é que o PS5 ainda vai demorar para se estabelecer e quem vai dar gás para a consolidação do PS5 ao longo desta nova geração é comunidade do PS4.
Assim, dar suporte a essa grande comunidade da forma que a Sony está fazendo atualmente é uma estratégia certeira enquanto o novo console se estabelece com seus números de vendas e vendas de exclusivos. Afinal, a pandemia vem dificultando o acesso ao console por conta da logística afetada pela COVID-19. E certamente, essa foi a preocupação da Sony com o PS5 quanto ao seu lançamento. Sabemos que a falta de estoque de PS5 é uma realidade, e dar suporte a uma comunidade que já alcança mais de 110 milhões de PS4 no mundo é a garantia de receita que certamente irá suprir o início vida do PS5, principalmente com a influência da pandemia.
“é importante que haja uma comunicação mais clara quanto a essa abordagem, o que ultimamente a Sony vem deixando a desejar e persistindo em cometer.”
Assim, o que podemos ver a partir disso é um trabalho conjunto de ambos os hardwares. Já que o PS4 já se mostrou ser um sucesso na geração anterior, porque não aproveita todo esse sucesso para dar suporte ao PS5 enquanto ele se estabelece?. Não há nada de errado. No fim do dia, só quem tem a ganhar é a Sony por ainda trazer lucros através do PS4 e iniciar sua trajetória com PS5 com a atual realidade de mercado a qual vivemos hoje. E, sobretudo, os donos de PS4 que não se sentiram esquecidos e abandonados com a chegada do novo console, coisa que aconteceu na transição do PS3 para o PS4.
Contudo, acima de tudo, é importante que haja uma comunicação mais clara quanto a essa abordagem, o que ultimamente a Sony vem deixando a desejar e persistindo em cometer. Pois, não ainda fazer uma boa ação de forma confusa e nada transparente.
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