Durante a Game Developers Conference (GDC 2014), Peter Molyneux, criador da série Fable, que não faz mais parte da desenvolvedora do game, comparou o sucesso dos jogos indies como Gone Home, Hotline Miami e Papers, Please aos tempos em que se programava jogos em casa.
“Isto é um ciclo. O que eu diria é, aproveitem este período, porque não vai durar,” disse Molyneux em entrevista com o CVG.
“Penso que não seremos todos indies durante os próximos cinco anos. É cíclico, tal como no setor da música. Existe um tempo em que ser Punk é que é bom, e depois há outro tempos, como agora, onde tudo é fabricado. Aproveitem, porque inevitavelmente durará muito pouco tempo.”
Molyneux acredita que as equipes formadas por poucas pessoas, terão a tentação de ser transformadas em equipas maiores, o que mudaria a sua criatividade.
“Caminhem por qualquer sala do hotel na GDC e olhem para as placas dos nomes das pessoas. Esta manhã vi três investidores a falar com desenvolvedores indies. Estavam a dizer ‘Aceite o meu dinheiro, quero investir na sua companhia!’ Essas equipes não se dão conta que terão de ir a reuniões, e lhes dirão ‘não, não façam isso, olhem para este jogo que está fazendo dinheiro'”.
“É muito parecido com os anos 80. Antigamente qualquer um podia criar um jogo que tivesse muito sucesso. Não havia fórmulas secretas ou algo escrito. Há uns anos todos tinham medo, grandes orçamentos e ‘a minha série é maior que a tua’. Tudo girava em torno de quem faria o próximo Call of Duty. Agora é a originalidade, a criatividade e o não ter medo.”
Molyneux ainda disse que se ele continuasse na Microsoft “estaria prejudicando a mim mesmo. Teria sido uma experiência horrível. Agora sinto que voltei a uma indústria que é fascinante e maravilhosa, e posso dizer maluquices como ‘Vamos criar um jogo que vai conectar 70 milhões de pessoas!'”
“Estávamos habituados a ter caminhos muito marcados para criar um jogo, que resultaram em Halo, Call of Duty e outros, mas agora deixamos tudo isso de lado. Os jogos que estamos em busca são coisas como Papers, Please que é brilhante.”
Sinceramente, não vejo como os indies serem algo cíclico ou com prazo de validade. Talvez muitos dos desenvolvedores que hoje são indies, deixem de ser, como aconteceu com a PopCap (que desenvolveu Plants Vs. Zombies) que hoje é da EA e acaba direcionando seus jogos para onde a gigante americana quer. Porém, com tantos outros desenvolvedores deixando as grandes companhias para justamente adentrar no mundo dos indies, como podemos dizer que a onda dos jogos indies vai acabar?
Claro, esta é apenas a opinião de Molyneux, um dos caras mais inteligentes do meio ao meu ver, mas desta vez acho que ele pode estar errado. E você? Comente, vamos conversar sobre o assunto!
5 respostas
Numa coisa ele está certo: Papers, Please é animal! 😉
Já coloquei na minha lista de desejos do Steam. Quem quiser me dar o game de presente meu nick é “arielsis” xD!
É com grande esforço que tenho que concordar com Molyneux. O que aconteceu na música é um bom exemplo. Depois de um tempo o cenário independente se torna saturado. Todo mundo é criativo e qualquer coisa feita numa garagem é considerado com qualidade. Veja hoje a categoria indie no Steam. Tem muita coisa boa lá, mas 80% é lixo ou clone. A tendência é que o cenário independente comece a decepcionar e daqui uns anos gamers voltem a dar valor a games AAA. E o ciclo volta novamente.
Faz sentido o que ele disse. É claro, é quase que prever o futuro, mas faz sentido.
Eu preciso falar… nao resisti rsrsrs.
Então eu concordo mas não dessa forma, o Cenário indie nao vai acabar e nem pode, o que está acontecendo no momento é justamente a “moda” do “eu criador”, mas também por que a acessibilidade a informação é fácil.
Acho que tem sim muito lixo, ou clones como disse nosso amigo Salvego, mas cabe a gente decidir jogar ou não, ver se é bom ou não. Como na musica, existem muitas bandas mal produzidas, ou mal gravadas, ou até mesmo mal direcionadas mas tem muuuuita coisa feita na garagem que é foda.
O futuro do Indie é justamente a permanência de quem realmente quer fazer o indie, quem estiver só no oba oba da situação vai parar porque o caminho é arduo.