Crítica | Travelers 2ª Temporada – A casa caiu para os viajantes no tempo

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Sabemos bem que a Netflix possui grandes séries nas mãos e a maioria delas são originais. Em parceria com o canal Canadense Showcase, a Netflix trouxe a vida a série Travelers. Pegando o tema de viagem no tempo como base para seu pano de fundo, em sua 1ª temporada a obra mostrou ótimos conceitos sobre como este chamativo assunto poderia existir. Dentro do contexto da série, viajantes do futuro voltam ao século 21 de uma forma muito inesperada. Esqueça máquinas que poderiam nos transportar diretamente para outra época, como um DeLorean. Os viajantes são levados para o passado transferindo suas consciências para os corpos de pessoas que estariam prestes a morrer. Tudo de uma maneira computacional, como uma formatação de consciência, instalando uma nova pré determinada e configurada. Assim, eles não tomam a vida de alguém gratuitamente, aproveitando seu corpo como um receptáculo para a nova consciência.

O grande “tchan” da série é como estas consciências lidam com a vida das pessoas que eles agora tomam como suas. A série gira em torno de um grupo de cinco integrantes que são enviadas ao passado para impedir de grandes acontecimentos ocorram e para garantir que o futuro aconteça de uma maneira diferente. Eles são guiados por uma inteligência artificial chamada de “Diretor”. Como toda organização maluca, eles possuem regras, chamadas aqui de protocolo.

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A 1ª temporada de Travelers foi muito bem recebida pelo público e surpreendeu pela qualidade. O elenco é muito afiado e todos voltam para a 2ª temporada. Mas será que as coisas conseguem ser tão boas no segundo ano?

Quase não emplacou

No retorno para a 2ª temporada de Travelers o roteiro mudou drasticamente nos primeiros episódios. Tanto que o grande mistério do final da 1ª temporada foi quase deixado de lado. A produção da série aproveitou para não perder tempo e já criar o arco do segundo ano. Mas isso tornou as coisas tão superficiais que muitos dos conceitos de Travelers se perderão no começo desta nova saga. Até que lá pelo 3º episódio as tudo começou a voltar aos trilhos. Mesmo assim , fiquei com a sensação de que na tentativa de apresentar o novo vilão e para onde a série iria, esqueceram um bocado do que construíram na 1ª temporada.

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Então, com o passar dos episódios, tudo pode ser regatado e tivemos grandiosas histórias. O episódio 7 por exemplo foi muito bem construído e dirigido, apesar de seu desfecho corrido. Então, o medo que tinha de não gostar da 2ª temporada de Travelers passou após o episódio 3 e voltamos a ver os conflitos internos de cada um dos personagens. Isto talvez seja o grande chamativo da série.

 

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Um vilão mais humano que os próprios mocinhos

Foi ótimo ver a adição de um grande vilão dentro do universo de Travelers. Até então, nós víamos o grupo correndo para realizar missões entregues pelo Diretor. Mas não passava muito disso. Não havia um grande mal os enfrentando, sendo a situação que eles se encontravam em cada episódio o grande perigo para suas existências. Um dos grandes chamativos da 1ª temporada foi a reconstrução da mente de Marcy. E este fato foi muito bem explorado na 2ª temporada. Sua relação com David e todas as memórias que ela perdeu. Porém agora eles precisaram lidar com o viajante 001, que com certeza foi um grande destaque. Fico inclusive muito contente em ver que ele não deixará a história ainda.

O final da temporada foi bem surpreendente e coloca o 001 como um dos mais importantes personagens da série até hoje. Enquanto todos pensam em não quebrar protocolos, Vincent Ingram valoriza a sua própria existência. E claro, a de seu filho. Ele quebrou todos os protocolos possíveis e se tornou um bug do sistema. Achei genial a forma com a qual adicionaram este personagem à série e como o mantiveram. Ingram, agora na pele da doutora Perrow, vai dar muito trabalho na 3ª temporada de Travelers.

Consciência científica ou seres humanos?

Mas muito além da história envolvendo Ingram e todos os protocolos que não devem ser quebrados, está o “ser ou não ser” que cada personagem enfrenta. MacLaren conseguiu acessar memórias de seu host e a partir disso criou um amor verdadeiro por Kat. Foi emocionante ver o quanto ele se envolveu com a situação. Marcy agora era uma consciência defeituosa, quase que um programa dentro de um corpo humano. Mas seu lado humano e provavelmente o amor de David, que não consegue esconder o que sente pela viajante, a fez ter forças para ir atrás de uma recuperação. Mesmo que seus métodos sejam estranhos e até mesmo tecnológicos, fica claro que a humanidade de Marcy falou mais alto do que a força da consciência reimplantada naquele corpo.

Philip continuou com seu legado de um corpo viciado em substâncias químicas. E não importa o que é, seu corpo parece sedento por mais. Começou com aquela história do colírio que a facção o entregou e depois com a droga que o próprio programa dos viajantes o passou para não ver linhas do tempo diferentes. Ele é o mais frio de todos por parecer um robô que sabe de tudo que vai acontecer. No entanto, é perceptível a quantidade de emoções que ele guarda dentro de si. Fico curioso para ver tudo aquilo explodindo de dentro dele.

 

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Carly e Trevor eu vejo como casos a parte. Trevor, por ser um viajante muito antigo, mostra toda a sua experiência, mesmo no corpo de um jovem homem. Ele olha as coisas com outro tipo de análise e geralmente tem as melhores saídas. Carly, assim como MacLaren, acaba se envolvendo demais com a vida que sua host possuía antes e ela hoje é muito mais humana do que uma simples consciência. O amor que ela tem pelo filho de uma mulher que deveria ter morrido é surreal.

A 3ª temporada de Travelers promete

Por mais que Travelers seja sobre uma história de viagem no tempo, o que fala mais alto aqui é a emoção. Não que a série seja tão impactante assim, já que não é este o caso. Travelers consegue misturar conceitos tão científicos com perspectivas mais humanas ao ponto de nos deixar pensativos. A gente torce para que os personagens consigam quebrar os protocolos e serem julgados como humanos e não como máquinas. Mas como qume os julga é uma máquina que possui inteligência artificial, como alcançar este tipo de balanceamento?

Com a 3ª temporada ainda por ser anunciada, Travelers deixou um grande mistério no ar: como os viajantes vão lidar com o fato de todos terem sido expostos? Talvez já fosse algo esperado pelo Diretor, mas como saber se era realmente isso, se tudo foi causado pelo 001. Se ele é um bug, um defeito da Matrix, tudo que Ingram está causando vai mudar a linha do tempo. Seu objetivo na certa seja destruir o Diretor e se isso ocorrer, como ficam nossos queridos personagens? Fora todo o rolo que será para eles lidarem com as pessoas que eles amam, mas não deveriam amar. Enfim, são tantas questões que me levam a crer que a 3ª temporada de Travelers poderá ser bem surpreendente.

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12 respostas

  1. Perfeito o artigo, resumiu tudo de forma precisa e compartilho das observações. Parabéns e obrigado 🙂

  2. Bom, estava procurando análises sobre essa segunda temporada para comentar e confesso que infelizmente é bem difícil de achar, porque a Netflix divulga muito pouco essa série (o que é uma pena).
    Primeiramente parabéns pelo seu artigo, apesar de eu não concordar totalmente, está bem escrito e preciso. Na minha opnião, essa temporada caiu bem em nível de qualidade com a primeira, e vou expor aqui os pontos que me levaram a chegar essa conclusão.
    (SPOILER)
    A temporada começa ignorando o plot do chassi quântico, o qual a série não se preocupa em explicar claramente o que é, contando a história do viajante 0001, caminhando para um conflito entre ele e os protagonistas, interrompendo esse arco abruptadamente com uma ordem do Diretor de recuar para ambos. Então voltamos para o arco da Facção a qual termina no meio da temporada sem muita cerimônia, voltando para o viajante 0001 novamente, o que não faz nenhum sentido se a ordem do Diretor ainda era recuar (a ordem foi ignorada depois?).
    A impressão que eu tive é que o final da temporada estava escrito antes do começo, e depois os roteiristas se embolaram em amarrar tudo, provocando uma quebra de ritmo entre os episódios.
    Aliás, nessa temporada podemos ver claramente um roteiro que foi feito com menos cuidado do que na primeira. Senão me falha a memória, foi dito na primeira temporada que um viajante não pode voltar antes de outro, o que amarra bem a história do seriado pois ninguém nunca poderia perguntar “porque não tentam de novo alguma missão que deu errado?”. Porém, essa regra foi totalmente ignorada no episódio 7 que você mencionou, onde 8 viajantes são transferidos para uma mesma hospedeira em tentativas de salvar o grupo principal.
    Falando nisso, o TELL passa a ser uma solução barata de roteiro, porque viajantes começam a viajar de uma forma tão simples, para resolver problemas pequenos. Na primeira temporada, parecia ser algo bem mais complexo, no qual também tinha uma regra que o viajante tinha que combinar com o hospedeiro. Porém nessa temporada, viajantes estavam sendo substituídos por qualquer coisa, como podemos ver no episódio 8(episódio do julgamento), na qual um grupo de viajantes antigos e importantes (programadores) vem ao século 21, apenas para um julgamento simples. O que esses viajantes ficariam fazendo depois do julgamento? Vagando no nada igual um NPC de jogo? (rs)

    Voltando ao assunto do vilão (Viajante 0001), também posso destacar alguns furos como:
    * Porque o Viajante 0001 tinha o mesmo poder de saber história e mercado, se ele era apenas um teste?
    * Se a missão dele era morrer, porque o diretor não o substitiu quando a esposa dele tirou uma foto em vez de mandar uma mensagem? E a intenção do Diretor logicamente era substituí-lo, pois quando o corpo dele (já sem a consciência do 0001) é colocado na frente de uma câmera no final da temporada, recebe um novo viajante quase que imediatamente.

    Bem, me sinto um pouco decepcionado porque esperava que essa série continuasse no mesmo patamar da primeira temporada, na qual eu fiquei muito impressionado e indiquei pra muita gente. Porém hoje, já não tenho a mesma vontade de falar indicá-la. Pois se tratando de uma série de ficção científica, eu acho que ela tem que respeitar as regras que ela mesmo cria.

    Mas de forma alguma vou abandonar a série ou esperar que seja cancelada, porque o final claramente precisa de continuação.

    Enfim, caso alguem tenha isso agradeço por se interessar em saber minha opnião sobre a temporada.
    Abraços

    1. Excelente comentário Lucas!

      Concordo com você em vários pontos. Me vi perdido no roteiro e tudo que você falou faz bastante sentido. A 1ª temporada me prendeu muito e essa 2ª eu insisti, pq não estava me agradando. Eu nem me lembrava tanto assim das regras quanto você, e talvez seja culpa da própria série, que me condicionou a aceitar praticamente tudo que eles quiseram fazer na 2ª temporada. Vamos ver se a 3ª melhora em algum sentido. De todo jeito, a 2ª temporada não foi ruim, ela só se perdeu em alguns momentos, mas trouxe boas situações e esse lado mais humano.

      1. Respondendo mais ao comentário do Lucas eu creio que essas brechas no roteiro na verdade vem fazer ligação há um enredo maior da história como por exemplo eu acredito que O Viajante 001 na verdade é o diretor digo isso pois eu acredito que com a tecnologia que ele desenvolveu de se transferir de corpo como os Viajantes fazem ele foi ele foi se transferindo de corpo até chegar em um momento que ele achou mais interessante criar um super computador para abrigar sua consciência, que já deveria estar gigantesca para uma simples corpo humano ou cérebro humano conseguir aceitar-la e se transferiu para lá eu acho que é isso que vai acontecer por isso que ele não foi morto ou melhor substituido, e com relação aos tells que aconteceram no episódio 7, quando eu estava assistindo eu tive a impressão de quê cada Viajante chegava logo após o outro e não antes como Lucas disse no comentário mas não tenho certeza agora, vou assistir novamente o episódio. De fato a segunda temporada não foi muito boa mas a série tem muito potencial. E se for bem explorado na terceira temporada com certeza será uma ótima série para ser recomendada.

  3. podia falar que é crítica com spoilers né. parabéns. cai no site de paraquedas e já nem volto mais pra essa merda. legal de ver review é antes de assistir. agora já saber o que acontece com o viajante 001 é sacanagem.

  4. Ótimo post. Concordo. Mas tenho um apego particular pela série por ser estudiosa da mecânica quântica. Acho tudo maravilhoso, mesmo com muito de ficção, claro kkk
    E para o rapaz que reclamou, não leia nada antes de assistir. Além de vc se deixar levar por percepções alheias e de repente perder algo que goste, vc lê spoiler. Não adianta ofender, apenas não leia. Eu fiz isso, só depois de assistir fui comparar opiniões.

  5. Amei o artigo, vou seguir novidades da serie por aqui. rs
    hahah ansiosa por anunciarem logo a terceira temporada.

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