Dragon’s Dogma surgiu em 2012 da mente de Hideaki Itsuno, também conhecido por sua contribuição à franquia Devil May Cry. No entanto, Dragon’s Dogma se destaca como um RPG bastante diferente, inclusive dentro do mesmo gênero. É um jogo que não guia o jogador em nenhum momento, priorizando a liberdade como objetivo principal, talvez até em excesso.
Joguei o primeiro jogo no ano passado, em preparação para o segundo, algo que estava há muito tempo na minha lista de jogos pendentes. Agora, chegou o grande momento de me aventurar em Dragon’s Dogma 2, que tivemos a oportunidade de receber antecipadamente da Capcom. Agradecemos imensamente pela confiança. Afinal, Dragon’s Dogma 2 segue a mesma fórmula, trazendo tanto aspectos positivos quanto negativos? Descubra agora, sem spoilers!
O Dogma do Dragão
Assim como seu antecessor, Dragon’s Dogma 2 aborda o momento em que um grande dragão assola o planeta e desafia um valente guerreiro, escolhendo-o como seu coração e transformando-o no Nascem, ou Arisen em inglês, conferindo-lhe poderes além da humanidade. O Nascem então tem como objetivo ganhar força para enfrentar o dragão e recuperar seu coração, enquanto protege a humanidade contra essa terrível ameaça.
Embora essa premissa seja semelhante à do primeiro jogo, Dragon’s Dogma 2 apresenta mudanças significativas no escolhido, com uma história distinta. Além disso, o jogo utiliza esse conflito como ponto de partida para explorar, desenvolver e enriquecer a lore do seu mundo de forma excepcional, o que considero um grande acerto. A história é especialmente cativante e é apresentada através de impressionantes cenas, aproveitando ao máximo a Re Engine da Capcom.
Gráficos incríveis a um alto custo
A RE Engine proporciona um visual detalhado em Dragon’s Dogma 2, mantendo a atmosfera semelhante ao primeiro jogo, porém com uma densidade e sensação de perigo ainda mais intensas. Desde florestas exuberantes até vastos campos abertos, há uma constante sensação de grandiosidade e aventura. É impressionante testemunhar a evolução do jogo ao longo de 12 anos desde o original. No entanto, toda essa qualidade visual vem com um preço.
Joguei na versão para PC com uma GeForce RTX 4080 e, mesmo com uma placa de vídeo tão potente, Dragon’s Dogma 2 apresenta um desempenho terrível (até o momento desta análise, pois esperamos que futuros patches corrijam isso). Independentemente da resolução, desde a mais alta até a mais baixa, o jogo sofre com quedas significativas de quadros por segundo, chegando a cair de 60 para 25 em áreas mais movimentadas. A Capcom certamente terá muito trabalho para otimizar o jogo. No entanto, considerando as diversas opções gráficas disponíveis na versão para PC, uma vez otimizado, será uma excelente opção nesta plataforma.
Nos consoles, Dragon’s Dogma 2 roda apenas a 30fps, sem opção de modo de desempenho, também sofrendo com quedas de desempenho em grandes cidades. Certamente, a Capcom poderia fazer mais nesse aspecto.
Quanto ao som, o jogo é excelente, com trilhas sonoras marcantes e efeitos sonoros imersivos. No entanto, vale ressaltar que não há dublagem, apenas legendas nos diálogos. Mesmo assim, a experiência sonora é impecável.
Como jogamos Dragon’s Dogma 2?
Assim como o primeiro jogo, Dragon’s Dogma 2 não se compara com nenhum outro RPG, é um game com ideias muito próprias com um game design que surpreende e muitas vezes também cansa. A ideia de Itsuno é criar um jogo single player com toda a ideia de um MMO. O jogador cria seu personagem e pode escolher entre 4 vocações (classes) iniciais. A maneira que você vai combater vai depender bastante dessa vocação. Contudo, vamos falar primeiro sobre como exploramos o game, o gameplay antes de combater.
As missões de Dragon’s Dogma 2 não são determinadas como primárias ou secundárias, todas são importantes para o desenvolvimento dos personagens e do mundo do game. Você precisa tomar cuidado para não perder o tempo de executar alguma das missões e a melhor maneira de fazer isso é começando poucas missões por vez. Ao selecionar sua missão, você precisa ir do ponto A ao B e é essa travessia que traz o verdadeiro sentimento de se jogar um Dragon’s Dogma. Este é um game pensado para se explorar, descobrir e se surpreender com ataques de inimigos que surgem do nada. Encontrar uma caverna é uma das coisas mais interessantes do jogo e explorá-la em busca de recursos sempre traz alguma recompensa incrível.
Então tenha em mente que Dragon’s Dogma 2 precisa de paciência, dedicação e muito entendimento das vocações, como vou explicar mais a frente. Contudo cabe uma crítica: em 2012 com o primeiro jogo tínhamos uma ideia de que tudo era uma visão criativa do time de desenvolvimento, mas alguma coisas como a falta de opções de viagem rápida, que é limitada a itens que são raros e caros dentro do game, não são tão divertidos assim.
Desta forma, você vai passar pelos mesmos lugares diversas vezes. Sinceramente eu não acho isso tão divertido e já achava um problema no primeiro game. Assim como eu, imagino que muitos jogadores poderão se sentir frustrados com as poucas maneiras de se locomover no mapa, além de ir a pé.
Escolha bem a sua turma do barulho
Saber selecionar a sua party é o segredo do sucesso em Dragon’s Dogma 2. Você escolhe sua primeira vocação e pode mudar a qualquer momento, além de encontrar diversas novas formas de se jogar durante o tempo. Também é possível escolher a vocação do seu peão principal e contratar outros dois, formando assim uma equipe de quatro personagens dos quais você só controla um e dá instruções para outros três. Os Peões são guerreiros que atendem ao chamado do Nascem e vivem para servi-lo. Mas não adianta nada se você não souber escolher quem vai te acompanhar.
Por exemplo: eu escolhi no início jogar com a vocação de Ladrão, por ser rápida e cheia de opções de combate. Então escolhi a vocação de Mago para meu peão principal, focado em me curar, contratei um arqueiro, para me ajudar a atacar mais de longe e me salvar em situações onde eu estou perto do inimigo, além de um guerreiro ou combatente para me ajudar a atacar de perto e fazer altos danos quando derrubamos os oponentes.
Essa configuração foi minha principal durante 20h de jogo, até que evoluí a vocação Ladrão até o máximo. Então mudei para Feiticeiro, para experimentar um gameplay diferente e comecei a sofrer, pois eu mesmo não sabia atacar muito de longe e minha configuração de party não batia tão bem quanto antes. Mudei novamente, agora para Guerreiro e tudo voltou a se construir de forma muito natural. Ou seja, meu estilo de jogo é completamente voltado para o combate de perto.
Contudo, Dragon’s Dogma 2 te incentiva a jogar com vocações diferentes o tempo todo e assim como o primeiro, ao evoluir todas as vocações você terá muitas vantagens por conta das habilidades que cada uma possui e que você pode utilizar mesmo mudando de vocação. Esse sistema é incrível e adiciona muitas camadas de gameplay em Dragon’s Dogma 2, aumentando muito a vida útil do jogo.
Muitos segredos e um mundo novo a se explorar
O mapa de Dragon’s Dogma 2 é completamente diferente do primeiro jogo, embora seja semelhante visualmente. Não há ligação com nada que ocorreu antes. Seu objetivo é olhar cada canto do mapa e tentar encontrar segredos que ninguém te conta, a não ser que você converse com os NPCs durante sua jornada. Existe uma história principal, que você pode concluir com umas 25-30h de jogo. Mas para conseguir o final verdadeiro e que vale muito a pena, você vai precisar explorar muito e encontrar todos os segredos. É sério, é nisso que está a verdadeira experiência de Dragon’s Dogma 2 e existe uma novidade no game que os fãs de longa data ficarão malucos!
Assim, explorar é a chave do negócio e criar sua party se preparando para todos os perigos é o que determinará o quanto você poderá ficar confortável em sua jornada. Embora não seja um jogo difícil, a grande dificuldade é sobreviver as suas viagens a pé, ter a coragem de ir para um canto do mapa não explorado sem saber o que vai encontrar e entrar em florestas, cavernas e afins com objetivos concretos de olhar cada canto. Dragon’s Dogma 2 recompensa quem é curioso e é isso que faz o jogo ser tão especial.
Conclusão
Apesar dos sérios problemas de desempenho, que diferentemente de outros jogos como Elden Ring e Starfield, também criticados por isso, aqui o desempenho é bastante prejudicado. As quedas são bruscas e interferem na imersão do jogador.
Além disso, a falta de variedade nos ambientes pode tornar a jornada monótona em alguns momentos. No entanto, a exploração e a sensação de descoberta são excepcionais e superam esses problemas, tornando Dragon’s Dogma 2 um jogo incrível que valeu a espera de tantos anos. Dependendo das ações futuras da Capcom, podemos esperar grandes aventuras através de DLCs e atualizações. O mundo do jogo é rico e oferece potencial para isso, apenas precisa ser explorado.
Definitivamente, Dragon’s Dogma 2 representa como um RPG pode ser abordado nos jogos. Com ideias originais, algumas das quais funcionam melhor que outras, resulta em uma experiência excelente e memorável.
Dragon's Dogma 2: O jogo conta com quedas bruscas de desempenho que tiram um pouco da imersão. Além disso, a falta de melhores ideias cria momentos de cansaço. Contudo, a exploração e o senso de descoberta é sensacional e supera todos os problemas, fazendo de Dragon’s Dogma 2 um game incrível e que valeu a espera por tantos anos. – M@xpay