Mortal Shell herda a alma de Dark Souls numa grata surpresa – Análise

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Mortal Shell é mais um jogo que pega a onda de Dark Souls e tenta replicar a sua experiência. Visto de longe, pode literalmente ser chamado de um clone do jogo da From Software. Mas visto de perto, as comparações continuam, mas diminuem. Mortal Shell é uma nova proposta dentro desta ideia bastante explorada, mas que ainda mostra muita lenha pra queimar.

Quando Dark Souls surgiu, ele popularizou o gênero que Demon’s Souls havia criado, o “Souls Like”. Visto que há cada ano que passa é mais difícil de se criar um gênero, como foi com Metroid e Castlevania, que juntos formaram o MetroidVania, há muitos anos atrás. Então, ver jogos como Mortal Shell se inspirando em Dark Souls é mais do que normal. 

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Contudo, é muito interessante quando qualquer estúdio que venha a emprestar a ideia da From Software, tenha o cuidado de pensar além. Talvez até de colaborar para que o próprio gênero consiga avançar. E é assim que eu vejo a missão de Mortal Shell. De um projeto de fãs de Dark Souls para um game capaz de nos fazer pensar: “até onde mais o Souls Like pode chegar?”.

A história de Mortal Shell é contada de uma forma peculiar

Mortal Shell não pega emprestado o feeling de Dark Souls somente em seu combate. O jogo é realmente uma cópia em quase tudo. Mas isso definitivamente não é ruim, até pelo fato de que a From Software já anunciou que não pretende trabalhar em outro jogo da franquia. Assim, os fãs da saga ficaram sedentos por mais. Então,o estúdio Cold Symmetry tomou o cuidado de também contar a sua história de uma forma inspirada em Dark Souls. Não espere por cenas que te expliquem o que está acontecendo. Preste atenção ao seu redor e procure por inscrições, gravuras e outros itens que podem dar pistas sobre o que está acontecendo neste mundo devastado.

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Você começa sem explicações do motivo de ser um corpo esquisito, sem pele e todo branco. Então te dão uma espada e assim você entende que precisa lutar. Afinal, estão te atacando, você acabou de nascer e obviamente o instinto de sobrevivência fala mais alto. Logo, você encontra um corpo, faz uma macumba maluca e passa a estar dentro dele, controlando seus movimentos e tendo uma proteção muito maior que antes. A história então passa a ser contada sobre o mundo que está a sua volta e sobre as “cascas” que você encontra. Assim são chamados os 4 tipos de corpos que você pode controlar.

No decorrer da aventura você passa a conhecer os Mártires, que guardam consigo uma glândula que você deve recuperar e trazer de volta para um prisioneiro, a fim de libertá-lo. Como você nasceu agora, te deram uma espada, um corpo mais forte e te mostraram que é isso que você deve fazer, então você faz.

Eu não sou muito fã desse tipo de narrativa, assim como Dark Souls. Mas Mortal Shell faz de forma bem parecida e deve agradar quem gostou disso em Dark Souls.

Gameplay é o grande chamativo de Mortal Shell

Dark Souls hoje pode ser visto como um jogo mais raíz em termos de gameplay dentro do seu gênero. Depois dele nasceram outros games que adicionaram a sua própria forma de ser. Mortal Shell faz exatamente isso e além da esquiva, espaçamento e punição, aqui é necessário saber fazer um bom uso da sua casca. Além de atacar com o R1/RB ou R2/RT, podemos usar um parry no momento exato para que o inimigo tenha alguma desvantagem. No decorrer da aventura nós recebemos upgrades para o parry, cada um com um efeito diferente. Não é só acertar o tempo e dar dano no inimigo em seguida. Dá até para parar o tempo.

Mas o que torna Mortal Shell ainda mais diferente ou traz uma sensação de frescor para o Souls Like é o uso da habilidade de solidificar seu corpo a tempo de não tomar o dano do adversário. Assim, mesmo que você seja pego de surpresa e esteja num movimento de ataque, ao perceber que o inimigo não sentiu o dano e vai te atacar, você segura o botão L2/LT e solidifica seu corpo, evitando tomar o dano e continuando o seu movimento de ataque em seguida. A dinâmica de combate que essa sutil diferença entre Mortal Shell e Dark Souls traz me faz ver este combate como uma grata evolução na fórmula e talvez o maior brilho deste novo game.

Evolução em Mortal Shell também está ligada a sua casca

Cada um dos corpos que você encontra possui vantagens se comparado aos outros, assim como as armas que você carrega. Enquanto uma das cascas é mais balanceada, outra tem mais vigor, ou outra pode ter mais vida e por aí vai. Ao encontrar o nome de cada um dos guerreiros que um dia estavam dentro destes corpos, você abre uma árvore de habilidade dedicada para cada um deles. Então, para evoluir, você precisa adquirir Tar, que é exatamente o mesmo conceito das almas de Dark Souls. Contudo você também precisa dos Vislumbres. Mas os Vislumbres são mais raros, caem de inimigos mais poderosos ou podem ser encontrados em locais do mapa que são de difícil acesso.

É possível também evoluir o personagem e as armas, mas não é da mesma forma de Dark Souls. Você não ganha pontos de habilidades para serem distribuídos. É possível encontrar no mundo do jogo itens que são capazes de evoluir cada uma das armas em sua bancada. Assim, você sempre vai ver as evoluções possíveis na arma que você carrega naquele momento. Para ver das demais, você precisará alternar entre elas. 

Mortal Shell traz o sistema de familiaridade, que é mais uma boa novidade na fórmula

Uma das mecânicas mais interessantes de Mortal Shell tem respeito com os itens, dos mais comuns aos mais poderosos. Cada item precisa ter um nível de familiaridade para que você passe a entender ou tirar proveito de seus efeitos. Por exemplo, há um cogumelo que quando utilizado sem ser familiar ao seu personagem, pode dar um dano enorme de envenenamento em si próprio. Contudo, ao utilizar duas vezes, o item passa a ser familiar e ao invés de lhe dar dano de envenenamento, ele previne este efeito. Existem itens que precisam ser usados 10 vezes.

Os itens não possuem em sua maioria uma descrição que lhe dê uma pista do que pode ocorrer, então cabe a você decidir quando poderá usar para não sofrer o efeito adverso. Outro exemplo, o jogo não possui as fogueiras que Dark Souls tem para que você se sinta a salvo ou resete os inimigos e sua energia. Em Mortal Shell você precisa falar com a irmã Genessa. De frente a ela eu resolvi usar um novo item, já que se o efeito fosse maléfico, eu resetaria a vida do personagem em seguida ao falar com ela. Mas o item servia para mudar de arma e a arma que eu estava acostumado sumiu. Não dava para recuperar ali onde eu estava.

Então ao invés de ir em frente, eu voltei no mapa até o local onde eu poderia recuperar minha arma favorita. Assim, além de eu ter sido forçado a entender como era uma das armas que eu não havia gostado de início, o jogo criou uma situação através de uma decisão incalculada minha. Certamente muitos jogadores passarão por várias experiências como essa. O que é bom!

Os chefes de Mortal Shell e sua dificuldade geral

Logo no começo eu estava achando Mortal Shell tão ou mais difícil que Dark Souls. Contudo, aos poucos eu fui entendendo melhor suas mecânicas e os inimigos comuns passaram a ser o menor dos problemas, desde que eu estivesse ligado no que eu tava fazendo. Os chefes, no entanto, deram trabalho, mas menos do que eu esperava. Talvez a experiência adquirida jogando outros tipos de games como esse falou mais alto. Obviamente eu perdi para vários deles, mas não chegou perto da dificuldade que encontrei em outros games do tipo, como Nioh 1 e 2, Bloodborne e afins. 

Não que Mortal Shell seja fácil, pelo contrário. O mundo dele é perigoso. Eu sou um jogador paciente e ao invés de atacar desenfreadamente, eu estudava cada um dos inimigos e só atacava após entender seu padrão. Com os chefes foi a mesma coisa. Alguns passei de primeira, outros perdi algumas vidas. Contudo, Mortal Shell possui ótimos chefes, com ótimas ideias e grandes batalhas. Vale lembrar que você não morre na sua primeira barra de vida, podendo voltar ao menos uma vez para sua casca e recuperando toda a sua barra de energia.

Cada um dos Mártires do jogo possui consigo uma glândula, como mencionei no começo. Logo que você pega a glândula, o jogo muda por completo. O mundo fica mais escuro, o cenário muda, os inimigos ficam mais poderosos e diferentes. Tudo isso para impedir que você retorne até a prisão para entregar a glândula ao misterioso prisioneiro. Nestes momentos o jogo brilha. Você precisa repassar tudo que passou até chegar no chefe, mas de uma forma diferente em cada um dos templos que você visita. Achei genial essa ideia e combinou demais com a proposta do game. Era satisfatório demais entregar a glândula ao prisioneiro e ao mesmo tempo libertador, por mandar de volta as criaturas esquisitas para onde elas pertenciam.

Mortal Shell é um jogo indie com cara de jogo grande

Mortal Shell foi desenvolvido pela equipe de 15 pessoas da Cold Symmetry. Em seu site oficial, a empresa diz que a produção foi dura, mas os profissionais, que já trabalharam em grandes jogos Triplo A, fizeram de tudo para honrar o sentimento de dificuldade do gênero. Mas além disso, eles sabiam que dois aspectos seriam importantes: o gráfico e o som.

Graficamente falando Mortal Shell é muito bonito, mesmo que o jogo trate de locais que aspiram a morte. Temos vários tipos de cenários, desde os mais naturais, como o do começo do game, quanto outros cenários que não quero estragar a surpresa. Vêmos vários tipos de inimigos, todos muito bem construídos, além do excelente game e level design.

O som é um show a parte. Os inimigos se comportam cada um de um jeito e com sons específicos. Existe uma inimiga que faz exatamente o som do filme O Grito. Outro soldado vem arrastando seu gigantesco martelo, já nos deixando apavorados com o som a distância. Seus gritos de mortes são horripilantes. E então temos as músicas, numa mistura de jogos de terror e ação que realmente me surpreenderam. 

Conclusão: Mortal Shell vale ou não vale a pena?

Mesmo que você nunca tenha vivido a experiência de um Dark Souls, Mortal Shell é um game para você. Agora se você é um veterano do gênero, é quase que uma obrigação. O jogo traz um belo visual e um ótimo trabalho sonoro, entrega uma vasta experiência de evolução que vai te exigir jogá-lo mais de uma vez. Certamente não é um game perfeito, muito por conta de sua história que não é nada objetiva, e alguns pequenos bugs que me fizeram morrer pro cenário, perdendo um bom avanço. Mas no geral, a sensação que tenho é que joguei um game Triplo A, feito por uma equipe muito pequena. Uma pena o jogo ser tão curto e transicionar para o seu final de uma forma muito brusca e sem explicação. Fechei a minha primeira rodada com quase 11h. 

Assim, Mortal Shell chega para ocupar mais um espaço em meio aos games do genero Souls Like. Não há como não recomendar este jogo, seja pelo esforço da pequena equipe e pela qualidade demonstrada. Vale lembrar que ele chega dia 18, para PS4, Xbox One e PC. Jogamos a versão do Xbox One X.

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