Pokémon Sword & Shield agrada, mas poderia ser melhor | Análise

Pokémon Sword & Shield

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Pokémon Sword & Shield já está disponível para o Nintendo Switch

Se você entende o quê significa: OU, NU, PU, UU, RU, LC, Ubers…então Pokémon Sword & Shield foi feito para você. Mas se não entender o quê essas siglas significam, e apenas quer se divertir jogando, fique á vontade, pois o título também foi feito para os jogadores casuais, e pode ser visto como um bom cartão de visitas à nova safra de treinadores.

Este ano, a franquia Pokémon celebra seu 24º ano de vida, trazendo ao público mais de 400 monstrinhos, uma região inédita, e muitas críticas. Para aqueles que já conhecem a saga, o enredo permanece em toda sua essência: você é o treinador, tem um monte de pokémons para capturar, tem o professor sabichão, tem o rival/vizinho, tem os vilões, e é claro, como todo bom treinador, você carrega o sonho de ser o maior e melhor de todos.

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Para isso, terá de enfrentar todos os líderes de ginásio e a elite dos treinadores da região. E é claro, no meio dessa saga, alguns pokémon lendários entrarão em confronto entre sí, causando algum tipo de problema cataclísmico que será resolvido por outro(s) lendário(s) de aparência não menos extravagante.

Ok, isso é Pokémon o qual todos conhecem, franquia exclusiva da Nintendo que vende bilhões no mundo todo, aclamado pelo público e pela crítica. Então, se nele se reúnem todos os elementos que explicam a origem de todo esse sucesso, o quê poderia dar errado?

É aí que as críticas entram.

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Sim, isso poderia ser um Pokémon. E sim, ele poderia se chamar Eternatus

Várias pessoas comentaram sobre os gráficos deste jogo (tanto para o bem quanto para o mal). Por termos plena ciência dos diversos perfis de público e das diferentes faixas etárias que temos, não entraremos – e nem nos compete entrar – no mérito pessoal de cada.

Afim de conceder embasamento à análise, foi necessário pesquisar dentro do jogo em sí. E um cara bastante conhecido na cena hacker, “SciresM“, teve todo o trabalho de destrinchar cada linha de código presente em Sword & Shield. Isso nos permitiu apontarmos aspectos interessantes, e de certa forma até mesmo necessários para sustentar a opinião de várias pessoas sobre os gráficos serem bons ou ruins.

Durante toda a jornada de pesquisa, encontrei alguns exemplos bastante distópicos, e com certeza a maioria de vocês já devem ter visto em vários memes espalhados por aí. A questão central é: Pokémon Sword & Shield tem ou não bons gráficos?

E a resposta é um sonoro: Não.

Mas calma, nós explicamos!

 

Sword & Shield foi feito aos moldes de Pokémon Let’s Go! mas sofreu um grande downgrade

De acordo com o código-base, Pokémon Sword & Shield foi feito sob os esforços realizados em Pokémon Let’s Go! Pikachu & Eevee. Tanto a forma como os arquivos foram organizados, quanto á estrutura principal dos códigos, são exatamente as mesmas.

Isso inclusive foi mais do que comprovado ao conseguirem injetar um modelo [Omanyte] direto de Let’s Go! para Sword & Shield. Se tratando de um console híbrido como o Nintendo Switch, que nativamente reproduz imagens em 1280×720 pixels, um game com 10.3GB é sim um jogo “grande“, considerando ele exclusivamente enquanto portátil. Então a questão vai muito além do projeto apresentar apenas uma paleta de cores e texturas incríveis.

 

Alguém consegue explicar como o reflexo dessa pedra é uma árvore?

Durante algumas exibições ao vivo, a equipe de produção revelou parte do processo de criação do jogo, mostrando em qual programa ele fora desenhado. No caso, o Maya, um software de modelagem e animação em 3D bastante tradicional na indústria.

Ok, sabemos que o Maya é o software utilizado nos modelos em 3D. Agora, qual motor gráfico renderiza isso tudo? Existem 2 opções: Unity ou Unreal Engine 4. De acordo com o bump map do game (e a forma com a qual alguns arquivos/assets estão nomeados), podemos afirmar que se trata do Unity!

O 3DS também utilizava o Unity, só para constar.

 

Ambos são softwares bastante competentes e com certeza muitos já viram excelentes trabalhos oriundos dessas ferramentas. Dizer que os gráficos de Pokémon Sword & Shield não são bons, também não significa que eles sejam péssimos. Bastou entendermos como as coisas funcionam, para constatarmos que de fato o produto final apresentado poderia sim ser melhor elaborado.

 

Apesar de terem sido feitos da mesma forma, o resultado final do novo Pokémon não foi o mesmo

Assim que o jogo ficou disponível para ser baixado (oficialmente), muitos streamers correram para jogá-lo. Então as opiniões de quem jogou, contra as de quem apenas assistiu, se colidiram.

Uma coisa que eu reparei no meio disso tudo foi a forma com a qual cada um tem de lidar com as coisas, e a forma como as encaram. Quem aqui é da época do PS1/PS2 sabe muito bem o que é ter um objeto aparecendo do nada no meio da partida. Esses “pop-ins“, acontecem muito em Sword & Shield: você está lá, numa boa, indo para a raid ou andando pelas ruas, quando de repente surge um Onyx no meio da tela, obstruindo a passagem.

Há quem não se incomode, assim como também há quem ache péssimo. Isso entra em dissonância com o que já dissemos sobre os diferentes perfis de público. De certa forma, isso nos faz entrar em um outro aspecto técnico que a Game Freak também se esqueceu de melhorar, e que é um problema que vem se repetindo fazem algumas gerações: escala.

 

Tentamos defender Pokémon Sword & Shield, mas a Game Freak está mais “Freak“, do que Game…

Problema de escala errada é uma infeliz certeza em todos os jogos da série, desde Pearl & Diamond. É recorrente.

Pudera, se olharmos as – ok, não tão – pequenas telas dos portáteis (mesmo os de hoje em dia, incluindo o Switch), sabemos que seria imbecilidade dar escala em objetos tão grandes quanto os que a tela pode exibir. Se tratando de Pokémon, isso se tornou um problema, e que também evolui, sendo hoje…uma série de memes!

Por incrível que pareça (ou não), os últimos jogos da série Stadium possuem um trabalho de escala que mais se aproxima da realidade entregue pela PokéDex. Temos por base Pokémon Colosseum, de 2003, para o Nintendo Game Cube. Ok, também não é uma escala perfeita. E sim, ela é muito boa.

É óbvio que podemos nos deixar levar por algumas threads que se propagam aos montes no Reddit ou no 4Chan. Contudo, a Genius Sonority não conseguiu levar isto para o Wii, e há sim detalhes mais perceptíveis disso em Pokémon Battle Revolution.

 

A escala utilizada em Pokémon Coloseum é a que mais se aproxima da realidade entregue pela PokéDex

Tá, mas e a Dex em Pokémon Sword & Shield?

A dex de Galar possui oficialmente 400 Pokémons. Extra-oficialmente, ou seja, nos arquivos do jogo, estão programados mais 35 (entre lendários [2] e de eventos futuros, podendo ser repetidos ou exclusivos). Como apontou um dos hackers que também destrincharam os códigos de Sword & Shield, Kaphotics.

 

Dizer que o maior dos problemas em Sword & Shield é não possuir uma National Dex, de longe, não é. A crítica sobre o “movimento dexit” era composta, em grande parte, pelos jogadores que se esqueceram de que suas jornadas começaram com 150 + 1 (e aquilo já era bastante desafiante).

A pergunta sobre o tal “Dexit” foi feita inclusive ao próprio produtor da Game Freak, Junichi Masuda. Em entrevista para a Famitsu, o que Masuda disse tem alguma lógica: “(…) O número total de Pokémon excedeu 1000, incluindo novos Pokémon e as várias formas de Pokémon existentes.”.

Não seria apenas difícil incluir mais de 1000 modelos no jogo com a qualidade gráfica exigida por um jogo do Nintendo Switch, como também seria muito trabalho garantir que todos os Pokémon estivessem equilibrados em batalha.”.

Era óbvio que um dia o maior desafio dos jogos seria a capacidade de armazenamento. Não se trata de tornar o jogo palatável à todos, mas sim em saber ser honesto consigo mesmo e assumir que não seria possível adicionar a National Dex. É possível que um dia seja lançada uma versão do game com todos os pokémons, mas graças a tradicional política de direitos autorais cobrada pela Nintendo, é bem provável que o projeto tenha que mudar de nome.

Agora, convenhamos, também não é nada honesto dizer que houve um balanceamento no jogo, excluindo moves (91 no total).

 

Pokémon

Estamos até hoje procurando a sombra dos D-Max e dos G-Max…

A Game Freak deixou um recado muito claro aos fãs de Pokémon, e definitivamente, o foco deles não são os jogadores hardcore. Talvez por isso muitos não tenham reparado, mas certas animações foram literalmente copiadas de jogos anteriores, como esse gif do HAU, e a thread sobre as animações reaproveitadas do Pokémon Amie de XY:

 

Dirigido por Shigeru Ohmori, Pokémon Sword & Shield possui um enredo muito sólido, bem amarrado. Shigeru Ohmori foi o grande responsável pelo sistema Poké Walker, além de ter feito parte do alto escalão por trás de Pearl e Diamond. E só por isso já podemos dizer seguramente que este não é um de seus melhores trabalhos. Existe sim alguma expectativa de que algo possa mudar com o passar do tempo, e a possível adição de uma nova versão do jogo (uma praxe da série). Mas por hora nada foi confirmado.

Ainda que os desafios não fossem os maiores, esperava-se mais da história principal, que se manteve na mesma fórmula das séries passadas – o que de certa forma decepcionou alguns fãs da franquia. De uma forma geral, sem dar spoilers, o final é digno do jogo (e se para vocês isso for bom ou ruim, deixamos no campo da subjetividade).

Pokémon

Eu quero é Rock!

Ao todo, são 72 composições presentes no jogo (isso é claro, sem contar todos os efeitos sonoros inclusos). Composta por Minako Adachi (que iniciou sua carreira na Capcom), Go Ichinose (compositor que trabalha na série desde Gold & Silver) e Toby Fox (sim, o grande responsável pela memorável trilha de Undertale, com destaque para a música Megalovania). Time de peso, trilha á altura, deixamos aqui o link para quem quiser curtir as músicas sem compromisso.

De acordo com os dataminers, a Nintendo utilizou uma ferramenta de execução bastante convencional durante sua concepção, que é o Foobar 2000. Por quê o Foobar? Porque ele foi desenhado especificamente para ler determinados tipos de arquivos (.SF2), que são exatamente os tipos de arquivos encontrados na biblioteca de SwSh.

Este arquivo possi uma peculiaridade interessante. Ele utiliza “uma técnica multisampling [que] ajuda a manter as notas na gama mais alta e mais baixa do teclado de distorcer, devido a dados insuficientes de amostragem , fornecendo uma ampla gama de sons para que o sintetizador carregue as informações“, de acordo com este site especializado.

Desta forma, conseguimos identificar qual o software de áudio mais se aproxima das características existentes na criação de um .SF2: Fruity Loops.

 

Pokémon

Pokémon voltado para uma geração competitiva?

De acordo com o que foi levantado, este ano já tivemos alguns eventos online, inclusive torneios (online) com os pokémons da nova geração. Porém, dizer que se trata de uma geração competitiva não seria plausível, uma vez que as opções estão segregadas básica e exclusivamente aos mesmos monstrinhos.

Não estamos falando do “Dexit“, mas sim, de uma limitação imposta pela própria equipe de desenvolvimento, uma vez que, com mais de duas décadas de vida, não levou em consideração que existem pessoas que desenvolveram estratégias das mais variadas possíveis.

Limitando as opções desse pessoal, fez com que muitos se sobressaíssem em cima dos demais que começaram agora. Chega a ser paradoxal, de um lado termos um jogo cujo público-alvo são novos jogadores, e do outro, os jogadores competitivos das outras sete gerações deitando e rolando em partidas ranqueadas. O sistema de pontuação também nos sugerem isso (basta ir no Smogon e ver quem está com mais de 1500 pontos no Switch, e menos de 1300 no próprio sistema de batalhas).

 

E aquele Heatran guardado swipou lindamente o pobre Scizor

Deu Treta envolvendo Pokémon!

A Game Freak terceirizava boa parte dos serviços que envolvem a franquia, e entre eles, o design dos monstrinhos, além do Card Game (um dos carros-chefe da franquia, inclusive).

Basicamente, a Creatures Inc. era responsável pelo design do TCG desde 1998, passando, posteriormente, a cuidar também dos designs em 3D dos pokémons durante a era DS. Até o dia 18 de novembro, a companhia fazia parte da lista de clientes da Game Freak. Contudo, hoje ela não pertence ao grupo. Vale lembrar que a Creatures Inc. foi fundada por Tsunekazu Ishihara, mas com a ajuda fundamental de ninguém menos que Satoru Iwata (na época, da Hal Laboratories).

No entanto, além da Creatures Inc. outro importante parceiro da franquia, a Shogakukan Shueisha Productions (responsável pelas produções cinematográficas da série, desde o primeiro longa metragem) também deixou de fazer parte do time da Game Freak. Mas até o momento, a Game Freak não se pronunciou sobre o assunto.

 

Pokémon

Considerações finais de Pokémon Sword & Shield

Hoje, quase dois meses após o lançamento, buscamos trazer à luz da discussão aspectos técnicos que não foram apurados ou levados em consideração por outro lugar. Parte disso surgiu em cima daqueles que defendem algo indefensável, mas que com argumentos rasos e sem fundamentos, embasavam suas opiniões meramente em cima das críticas também rasas, daqueles que pensam de forma semelhante.

Nossa pesquisa foi além das fronteiras da internet, onde levantamos e investigamos cada programa utilizado no desenvolvimento. Julgamos isso necessário, afim de entregar explicações técnicas além de meras opiniões – frisando – rasas e/ou sem qualquer fundamento. É claro, ouvimos e lemos muitas críticas, o que nos possibilitou uma análise tão profunda quanto isenta. Pessoalmente, concluímos que essa não é uma obra prima da série. E ela poderia ser muito melhor.

Ao mesmo tempo, devemos levar em consideração também que o Switch é um console híbrido, então não há como comparar o salto de geração que existe entre um console de mesa e um portátil.

Mas tivemos de ponderar muito bem sobre isso antes de fazermos a análise, ou então, seríamos parciais sobre qual tipo de sistema estaríamos nos referindo. De qualquer forma, esperamos que os fãs de Pokémon não se sintam desapontados pelo jogo em sí, mas sim pelo seu desenvolvimento, pois se há algo a ser melhorado, está na produção. Como fãs, também esperamos que a série se renove, e que melhore com o passar do tempo.

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