Se eu pudesse resumir em uma única palavra o que representa Sea of Stars, essa palavra seria nostalgia. Desenvolvido pela Sabotage Studio, conhecido pelo aclamado The Messenger, este estúdio especializado em experiências retrô alcançou os corações dos fãs de Chrono Trigger e Chrono Cross, transportando-os de volta ao passado com um toque moderno.
Lançado no mercado em 29 de agosto de 2023, disponível no Game Pass, PS5/PS4, Switch e PC, Sea of Stars é um excelente sucessor espiritual de Chrono Trigger e Cross que sabe respeitar a quem se inspirou, mas também sabe ser ousado ao tentar ser autêntico.
Os fãs de Chrono Trigger e Cross foram bem presenteados
Sea of Stars é uma emocionante homenagem ao legado de Chrono Trigger e Chrono Cross. Seu design artístico e de níveis refletem a profunda inspiração desses dois clássicos da Square. Além disso, sua trilha sonora, criada por Yasunori Mitsuda, que também trabalhou nos dois títulos indicados, evoca vividamente a memória desses jogos.
Embora com tamanha responsabilidade, a Sabotage Studio soube dosar a inspiração de sua autenticidade. Sea of Stars consegue ser autêntico em dar mais camadas ao clássico sistema de combate por turnos e ao level design nostálgico.
No combate, pequenos detalhes, como a capacidade de aumentar o dano e reduzir o dano recebido com um simples toque de botão no momento certo, injetam uma nova dinâmica no sistema de turnos. Embora essa mecânica não seja inovadora por si só, no contexto de Sea of Stars, ela se integra de forma harmoniosa com a dinâmica do combate.
Enquanto um ataque duplo pode causar um dano significativo ao inimigo, a defesa em grupo pode proteger sua equipe de perder mais pontos de vida. Esse conceito torna o combate por turnos mais envolvente e participativo, combatendo a monotonia muitas vezes associada a esse estilo de jogo.
Além do combate, o level design oferece um ótimo senso de explorar a se avaliar para a estética dotada. Oferecendo um mapa em visão isométrica, cada um dos locais traz um bioma específico com sua flora e fauna carismática – seja em um bioma desértico com insetos terrestres ou uma praia tropical com peixes hostis. No geral, não há como não se encantar com a singularidade de cada local, que oferece oportunidades de exploração e uma sensação de verticalidade.
Sea of Stars merece uma animação
Embora adote um visual em pixel art, Sea of Stars consegue trazer uma modernidade a essa estética naturalmente cativante. No menu do jogo, há até uma opção para aprimorar ainda mais a beleza dos gráficos retrô. De qualquer forma, esse toque refinado no pixel art de Sea of Stars fornece uma suavidade e detalhes nítidos que enriquecem a estética visual do jogo. Por sua vez, durante os combates, os movimentos dos golpes, combos e magias ganham mais realismo e nos convencem que tudo ali está acontecendo.
Sea of Stars não traz cinemáticas animadas e muito de sua narrativa é contada com diálogos em caixa, ao melhor estilo dos games clássicos e JRPGs. No entanto, há momentos dentro do game que trazem breves animações que, particularmente, são encantadoras e nos fazem desejar que o game ganhe uma animação.
O pouco momento destas animações mostram que faltou orçamento para a Sabotage Studio transformar toda a experiência narrativa em Sea of Star animada. E isso é uma pena.
A pureza em meio a aventura que só Yasunori Mitsuda sabe fazer
Além da estética, a trilha sonora é um dos aspectos que mais nos levam de volta ao passado em Sea of Stars. E há uma razão para isso: Yasunori Mitsuda. Para quem não conhece, Yasunori Mitsuda é o mesmo compositor que deu vida às trilhas sonoras de Chrono Trigger e Cross, e se a trilha sonora de Sea of Stars te trazer uma vibe de ambos os títulos, não é mera coincidência.
A magia que traz pureza em meio à aventura está novamente estampada no mais recente trabalho de Mitsuda. Com seu tom leve e cativante, não há como não se sentir envolvido com a aventura que o game quer lhe oferecer, e isso dá cores aos seus personagens, que nem sempre têm o carisma que mereciam. Mas isso eu explico depois.
Em suma, a trilha sonora de Sea of Stars é um mergulho nostálgico que não sente vergonha de ser moderno. Ela faz com que você se sinta envolvido pelo mesmo encanto que tornou as experiências dos JRPGs dos anos 90 tão memoráveis.
Uma jornada sobre a amizade
Sea of Stars conta a história de dois Filhos do Solstício que combinaram os poderes do sol e da lua para realizar a Magia do Eclipse, a única força capaz de deter as criações monstruosas do malvado alquimista conhecido como The Fleshmancer. No controle de Zale, Valere Garl e muitos outros personagens que poderão integrar o grupo, estaremos diante de uma história sobre amizade acima de tudo.
Contudo, na minha opinião, a grande ressalva está na falta de carisma dos dois personagens centrais da narrativa: Zale e Valere. Enquanto este dois personagens não oferecem carisma e muito menos profundidade, Garl rouba a cena com ótimas linhas de diálogos e carisma.
Ademais, este tom mais infantil acaba descredibilizando a jornada em um todo. A Sabotage poderia ter apostado em um tom mais dark e sério sem deixar de usar o tema “amizade” com um dos pilares.
Afinal, Sea of Stars é tudo isso mesmo?
Sea of Stars é um mergulho em um mar nostálgico da era de ouro dos JRPGs. Sua estética e trilha sonora nos transportaram ao passado, enquanto elementos modernos projetaram um novo fôlego à mecânica que surgiu na década de 90.
A Sabotage Studio demonstra mais uma vez sua habilidade em honrar o legado dos jogos clássicos, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo nostálgica e contemporânea.
