Análise: The Elder Scrolls Online: Tamriel Unlimited tenta agradar fãs do MMO e do RPG

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Vai fundo que não tem spoilers aqui meu filho!

Que a Bethesda é uma das maiores desenvolvedoras de RPGs ocidentais da atualidade ao lado da Bioware, não temos dúvidas. Fallout 3, Skyrim e agora Fallout 4 são provas mais do que suficientes para demonstrar o quanto a desenvolvedora sabe o que faz e consegue agradar os fãs deste tipo de jogo com games sensacionais. No entanto, muitos clamaram, pediram e espernearam por um game online no universo de Elder Scrolls, e conseguiram.

The Elder Scrolls Online chegou primeiro ao PC no ano passado com um modelo de negócios por assinatura, além das clássicas vendas de itens dentro do jogo. Automaticamente a recepção da necessidade de assinatura para jogar foi um problema, mas pior ainda foi quando anunciaram que o jogo estaria chegando aos consoles de mesa, mais precisamente o PS4 e o Xbox One. O motivo é simples: ambos os consoles possuem assinaturas para jogar online pela PSN e pela Live e para jogar Elder Scrolls online seria necessário então pagar dois serviços para isso. Felizmente a Bethesda desistiu da ideia e não somente trouxe Elder Scrolls Online: Tamriel Unlimited cheio de conteúdos adicionais da versão PC, como também eliminou a necessidade de uma assinatura mensal.

Assim, os fãs puderam focar no jogo, que prometia unificar as mecânicas de um MMO com as características encontradas nos games da série que eram offline. De certa forma, a Bethesda conseguiu mesclar muito bem as duas características de jogo, no entanto os mais puristas sentirão falta de algumas coisas, além de outras que não funcionam muito bem. Vamos aos fatos!

É online com cara de offline?

Sim, podemos dizer que Elder Scrolls Online consegue ficar em cima do muro. A jogabilidade é exatamente a mesma que você viu nos outros jogos da série, com possibilidade de se jogar em primeira e terceira pessoa, com combates voltados para armas como espadas, correntes, machados e magias. Aqui não somos tão temidos como em Skyrim, você não é um Dragonborn. Você pode até ter uma linhagem consagrada, como um Templar, Dragon Knight, Sorcerer e Night Blade, e são exatamente estas as classes que você pode escolher logo no começo do jogo e cada uma decidirá que tipo de estratégia você acabará tomando durante a sua jornada. No entanto, diferente de Skyrim, ao entrar em uma cidade você não terá mais aquele sentimento de descoberta, como se você fosse o único a encontrar aquele lugar, cheio de coisas para explorar. Você verá uma porrada de gente junto com você fazendo a mesma coisa, até mesmo lhe indicando onde ir, conforme você vê os movimentos de cada um e pra onde os outros jogadores estão indo.

Em um jogo online de RPG que não levasse a marca Elder Scrolls isso seria normal de se ver, mas neste jogo acaba perdendo um pouco da essência que se espera do universo de Tamriel. Mas não entenda errado, pois a mecânica funciona, apenas perdeu a grandiosidade. Se antes você teria corredores e cavernas misteriosas, agora o clima quebrado por aquele outro cara que está jogando no mesmo local que você e dá uma travadinha na parede enquanto corre, demonstrando que você realmente não está sozinho.

Tudo isso é levado por um sistema de quests que funciona muito bem, como em qualquer jogo online e de RPG que se preze, lhe dando várias opções de onde seguir, que decisões tomar e com quem falar agora. Apesar de online, você acaba ficando sozinho fazendo suas quests ou entrando em algum grupo caso você já conheça alguém que jogue o game e que esteja em alguma missão necessitando de ajuda. Esses deslizes não fazem mal ao jogo, deixando Elder Scrolls Online no mesmo nível de qualquer outro MMO que esteja disponível para os consoles, mas um pouco abaixo dos que encontramos no PC.

“Jogabilidade estranha com gente esquisita”

A customização dos personagens é excelente, cheia de possibilidades, profunda e robusta. É possível aumentar o nível de armas, magias e ataques mapeados e tudo se encaixou perfeitamente aos controles dos consoles. Obviamente falta um pouco de opções que encontramos nos teclados dos PCs, mas a Bethesda conseguiu com muito sucesso nivelar as coisas. Você pode evoluir a classe que você usa e aumentar os pontos de habilidades, liberando mais golpes que criam muitas formas de atacar os inimigos. Este fato ajuda a deixar a jogabilidade interessante, pois no começo é um pouco traumático.

Isso porque a jogabilidade em primeira pessoa é boa, pra não dizer igual aos jogos como Skyrim, apesar das animações um pouco abaixo do esperado. Mas em terceira pessoa tudo é bem complicado de se engolir. As animações que em primeira pessoa já não agradam de cara, são duras e mal trabalhadas em terceira pessoa, além de aumentar consideravelmente o peso do jogo, criando slowdowns tenebrosos que atrapalham bastante na jogabilidade. Automaticamente eu tentei me adaptar ao jogo em primeira pessoa e foi melhor para que eu pudesse me divertir sem prestar atenção nos defeitos técnicos quando eu via o personagem. Além disso, a parte visual sofre com personagens sem texturas que ficam somente com o perfil desenhado e totalmente pretos, como uma falha de carregamento.

As Facções

Um elemento bastante interessante e que não é totalmente uma novidade, mas encaixa perfeitamente no jogo da Bethesda são as facções. Os jogadores podem escolher qual fará parte, criando pactos e lutar entre outras facções por domínios e habilidades. O Ebonhart Pact, Admeri Dominion e Daggerfall Aliance são facções que, na história do universo de Tamriel não se bicam. Cada uma que você se afiliar na hora de criar o personagem irá bloquear as outras e determinará em que cidade você vai começar e que quests estarão abertas. Ao chegar no level 10, você pode abrir passagem para Cyrodill e juntar forças para guerra, ajudando a sua facção em lutas PvP.

A Bethesda correu muitos riscos ao decidir separar as lutas PvP da campanha principal, já que estamos falando de um jogo online onde cada um vai pra onde quer, mas ao final se mostrou uma decisão corajosa e muito acertada. Se você não quer entrar em combates durante a sua jogatina, poderá concluir a história como se fosse um jogo solo, mesmo que na companhia de tantos outros jogadores, indo para o multiplayer somente quando você quiser. O sentimento de um jogo online no formato MMO continua, mas de uma forma diferente e mais controlada. Você pode inclusive se preparar melhor para os combates contra os outros jogadores, o que sozinho já é um grande chamativo.

O grande barato aqui é que você é quem escolhe: se quiser jogar sozinho, boa sorte! Você terá tanta diversão quanto quem quiser entrar na porrada com outros jogadores a torto e a direito. Isso é apenas um dos elementos que fazem de Elder Scrolls Online um MMO diferente, com cara de RPG de console, agradando a gregos e troianos.

Você também pode escolher por deixar tudo de lado, tanto a campanha quanto a jogatina online e seguir pelas side quests, que não são poucas no jogo. Apesar de não serem tão divertidas quanto as missões da história, são bastante recompensadoras para a classe específica que você tiver escolhido, o que faz valer o tempo investido, tanto pra quem quiser jogar a campanha mais preparado, tanto pra quem quer enfrentar os amigos.

Microtransações existem sim senhor!

Apesar de presentes, as microtransações são bastante balanceadas, não havendo a necessidade real de gastar com elas. Você começa o jogo sem cavalo e sem um side kick, um animal que lhe acompanha por onde quer que você vá. Quem quiser pode encontrar tanto a montaria quanto o amiguinho de viagem apenas jogando, mas quem quiser tudo logo de cara, basta gastar um trocado no game. A Bethesda deixa a escolha do jogador e mais uma vez a opção é totalmente acertada. As armas que você pode comprar são variações das que você encontra jogando, então fica a critério do freguês.

Uma coisa que deixa o jogador um pouco cansado é o mapa do game, que não é muito amigável. Em algumas quests você precisa andar muito, mesmo que em uma montaria e pouco acontece no percurso. Em algumas missões você até perde um pouco do animo ao ver que tanta gente está indo encontro do mesmo tesouro, tirando a sensação de algo único, presente em jogos como Skyrim, onde você simplesmente sobe uma montanha sem motivo algum e quando vê alguma forma de vida fica empolgado com o que pode ocorrer em seguida. O sistema de viagem rápida também não funciona muito bem, no entanto os jogadores acabam acostumando com o tempo com essa forma de jogar, mas se você saiu de um The Witcher 3 para Elder Scrolls Online sentirá uma falta danada das plaquinhas verdes bem posicionadas próximas as cidades.

Vale o seu tempo, mesmo que com os pequenos problemas

Como um RPG, The Elder Scrolls online é sólido, mas falta inspiração para tornar a aventura única. Como um MMO ele é enorme e envolvente, cheio de elementos a se explorar e masterizar, porém o jogador sentirá algum vazio em determinados momentos. Ainda assim, as mecânicas e escolhas de game design feitas pela Bethesda tendem a agradar muitos jogadores, de ambos os times, principalmente nos consoles que ainda não possuem tantas opções de jogos no estilo.

O grande mérito da Bethesda é a liberdade dada aos jogadores, a história que se desenrola de forma a prender a atenção e toda a mecânica de MMO envolvida com um jogo com cara de single player cheio de missões prontas para aumentar o nível de seus personagens.

Galeria de imagens: Elder Scrolls Online: Tamriel Unlimited

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