Jogo segue sem data de estreia definida
“Enigma do Medo” tem gerado muita expectativa entre o público brasileiro. Trata-se de um jogo ambientado no universo de “Ordem Paranormal“, o RPG do streamer Rafael Lange, conhecido como Cellbit. Desenvolvido em parceria com a Dumativa (a Lenda do Herói), ele está em produção há dois anos, com previsão de lançamento para PC e posteriormente para PlayStation, Xbox e Nintendo Switch. O jogo foi financiado coletivamente no Catarse, arrecadando mais de R$ 4,2 milhões, superando em oito vezes a meta inicial de R$ 500 mil.
Em outubro deste ano, o Combo Infinito teve a oportunidade de jogar a demo do jogo durante a Brasil Game Show 2023, onde exploramos mais dos ambientes nos quais a personagem principal, Mia (dublada por Pamella Rodrigues), e seu cãozinho, Lupi, precisarão desvendar alguns segredos importantes e apavorantes. Nessa oportunidade, também entrevistamos um dos produtores do jogo, Rafael Bastos, que revelou mais detalhes sobre a mecânica, história e gameplay.
Sabemos que “Enigma do Medo” é uma expansão do universo de “Ordem Paranormal”, mas também foi projetado para atrair um público mais amplo. Com isso em mente, questionamos Rafael sobre como a equipe de desenvolvimento abordou o equilíbrio entre aprofundar a história para os fãs e tornar o jogo acessível a novos jogadores.
“Quando entramos no projeto, imaginamos que ‘Enigma do Medo’ seria o primeiro com potencial de alcance internacional. Não sabíamos que o Cellbit teria uma comunidade tão forte. Após ‘Desconjuração’, ele fez três spin-offs voltados para pessoas novas, que não necessariamente assistiram às temporadas anteriores. Desde então, junto com o jogo, adotamos essa filosofia, criando elementos que podem ser fan service, mas também não exclusivamente.
Tudo escrito no jogo é explicado ao jogador. Desde o início, há diálogos que elucidam o que é o paranormal, além de outros elementos do RPG presented no universo do jogo. Tentamos evitar premissas e informações do RPG sem explicação. Assim, todas as informações necessárias estão presentes no jogo, sem depender de uma base prévia para entendimento.”
História e inspirações
Como já mencionado anteriormente, “Enigma do Medo” é um jogo de investigação e suspense que combina elementos de Pixel Art e 3D, onde os jogadores assumem o papel de Mia, uma jovem detetive dedicada a investigar o paranormal em uma área misteriosamente conhecida como “Perímetro – O lugar que não existe”.
Mia é acompanhada por seu fiel cãozinho, Lupi, e outros amigos, incluindo Agatha (com voz de Karen Padrão) e Samuel (dublado por Fred Mascarenhas). Sua missão é desvendar o desaparecimento de seu pai, Sr. Veríssimo, um dos agentes mais habilidosos do mundo e o líder da Ordo Realitas, uma organização de detetives paranormais.
Se a descrição remete a Silent Hill e Resident Evil 1, é porque Enigma do Medo é fortemente inspirado nesses dois clássicos do gênero. No entanto, esses jogos não são as únicas musas aos olhos de Rafael. ‘The Outer Wilds‘ e os jogos da franquia ‘Sherlock‘, por exemplo, também serviram de forte inspiração.
“Eu acho que o principal foi ‘The Outer Wilds’, pela carga emocional que o jogo tem. Acreditamos que seja este o caso porque, semelhante ao Enigma, todas as informações obtidas durante o gameplay vêm na forma de textos. É tudo narrativo. O jogador precisará ler e ouvir muito. É por isso, também, que a dublagem teve bastante peso, para prender a atenção do jogador.
Mas claro, houve também outros jogos. No início, pensamos em fazer um jogo em 1ª pessoa, similar a Resident Evil. Esta franquia, inclusive, entrou em alguns aspectos – como algumas das mecânicas de como os monstros se projetam, por exemplo. A atmosfera de Silent Hill, que é sempre densa e amistosa, é bastante similar a Enigma do Medo, também. Não só isso, mas a própria linha dos jogos Sherlock serviu de inspiração para algumas coisas.
Esses jogos ajudaram muito a definir a atmosfera do nosso jogo. Porém, houve outros elementos que tiramos de outros projetos nossos, também. A pixel art do ‘Lenda do Herói’, por exemplo. Sabíamos que iríamos trabalhar com personagens em pixel novamente – o que gerou um problema em misturar o 2D com o 3D. Mas isso foi bom porque gerou uma identidade única para o nosso jogo.”
Desafios e colaboração do Cellbit no projeto
Sabendo dessas inspirações de clássicos do terror, também aproveitamos a oportunidade para perguntar ao produtor sobre como foi o processo de colaboração entre Rafael Lange (Cellbit) e a equipe de desenvolvimento. Queríamos compreender, também, como essa colaboração contribuiu para a identidade do jogo e quais foram os principais desafios enfrentados durante o desenvolvimento.
“O Rafa está todos os dias conosco. Ele trabalha no projeto, e é impressionante como ele consegue fazer tudo. Em projetos como esse, a contribuição dessas pessoas é fundamental. Desde o início, já havíamos deixado claro isso para ele, que ele iria trabalhar no jogo conosco, e se era realmente isso que ele queria fazer. Precisaríamos da visão dele, assim como precisamos do artista, do músico, do programador, dos outros escritores. Ele seria realmente um membro da equipe, precisaria estar presente. Afinal, ele é a mente criativa do projeto.
Desde então, ele nunca faltou um dia – e olha que eu não posso dizer isso de todo mundo da equipe. Ele é muito comprometido, é de fato um membro da equipe, que ajuda muito a Dumativa, inclusive. Ele se tornou um irmãozão mesmo. Faz muito mais do que a gente pede, não só pelo Enigma do Medo, mas pelo estúdio também – e tenho uma gratidão para o resto da vida em relação a isso. A gente ajuda ele no RPG também, quando ele precisa. Os personagens animados fomos nós que fizemos, mas hoje ele está totalmente independente nisso.
Nossa relação com ele é muito boa, de muita cumplicidade. Ele tem uma relação de carinho muito forte com o projeto, assim como eu. Estamos mirando no mesmo lugar, e isso não nos atrapalha. Não sinto, em momento algum, que o crescimento dele o distancia do projeto. Ele sempre está participando das reuniões, das dublagens… o vigor dele para trabalhar é uma coisa impressionante.”
Em relação aos problemas, o desenvolvimento apresentou uma série de desafios ao longo de suas fases, revelou Rafael. Um dos desafios iniciais tornou-se encontrar a estética adequada para o jogo, explorando diversas abordagens, desde o 3D até ajustes na mecânica e na iluminação. Atualmente, o maior desafio destacado por Rafael está relacionado à dublagem do jogo.
“Em relação aos desafios do projeto, eles variaram significativamente ao longo das diferentes fases. Acredito que o principal obstáculo foi encontrar a arte adequada para o projeto. Experimentamos diversas abordagens, como o jogo sem 3D, ajustes na iluminação do personagem, como garantir que o aspecto tridimensional não remetesse ao visual peculiar do PS1… essas foram dificuldades iniciais. Na segunda fase, enfrentamos o desafio de compreender a essência do Enigma do Medo em termos de mecânica. No geral, tornar a atmosfera coesa foi um desafio, mas atualmente, acredito que a maior dificuldade reside na dublagem.
Os dubladores americanos estão em greve, e isso tem criado um gargalo considerável, pois não podemos lançar o jogo apenas em português, já que as lojas não proporcionariam a mesma visibilidade. Essa é uma questão externa totalmente compreensível. Não podemos pressionar esses profissionais nem substituí-los, mas, ao mesmo tempo, enfrentamos a pressão do público para lançar o jogo. Estamos aproveitando esse tempo para aprimorar o jogo, refinar aspectos, expandir o conteúdo e melhorar alguns elementos pendentes.”
Mais detalhes sobre a entrevista surgirão posteriormente. Por enquanto, é importante destacar que o jogo já está disponível para pré-venda exclusiva para PCs diretamente no site da Nuuvem. É possível acessar por meio do link nuuvem.com/medo.
