Análise – Project Cars, “O novo rei dos consoles”

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“Ando muito ocupado para os games”. Foi isso o que eu pensei quando o meu PS3 quebrou e não o levei para consertar. Também foi essa a desculpa que usei para não comprar um PS4 até o final de semana passada. Não que eu tenha abandonado os games, mas tenho dedicado todo o meu tempo livre aos simuladores de última geração no meu PC. Afinal, precisava justificar o investimento no Thrustmaster T500 RS que tenho aqui no escritório. Devo dizer que a minha expectativa em relação ao Project CARS (Bandai Namco e Slightly Mad Studios) era muito grande, principalmente em função dos inúmeros vídeos comparativos entre este título e o meu simulador favorito da atualidade, o Assetto Corsa (Kunos Simulation, para PC).

Venho jogando AC há mais de um ano e, neste período, devo dizer que meus conceitos sobre realismo e curva de aprendizado em simuladores mudou muito. AC é um simulador hardcore, bruto, difícil para novatos e pessoas que querem apenas dirigir sem compromisso.

Ele te morde na bunda, te pega desprevenido e te destrói nas últimas voltas de uma corrida que você achava ganha, sem perdão. Project Cars não é um simulador hardcore, mas é sim a sua melhor opção para sentir-se um piloto de verdade nos consoles. Até o lançamento desse jogo, minha referência de bons simuladores para consoles eram o GT6 e o Forza 5, ambos voltados a um público mais casual. Esse título embaralha as linhas entre os simuladores do PC e esses dois títulos que vinham se alternando como reis das pistas nos consoles. Além de gráficos incríveis, com recursos visuais que contribuem para uma sensação de velocidade sem paralelos, Project CARS coloca você, sem restrições, atrás dos volantes de todos os carros e em todas as pistas. Não há nada para desbloquear, para tunar ou pintar. Não há firulas, somente o acesso direto a todos os 4 modos de jogo, um bom número de carros de diferentes tipos e todas as pistas disponíveis, reais e fictícias.

Tudo bem, faltaram Ferraris, Lambos, Porsches (se bem que lá estão eles em pele de RUFs) e outras marcas famosas, mas você nem vai sentir falta deles. A diferença entre dirigir um esportivo, um carro de GT ou um fórmula fica bem notável e proporciona desafios e muita diversão, para todos os níveis de pilotos virtuais. Isso é algo que me agradou muito, pois como piloto veterano, não tenho paciência para começar dirigindo um Honda Civic ou um Golf por dois meses, até conseguir um carro de corridas de verdade. Em Project CARS, você escolhe o carro, a pista e as condições de clima, competição, horário, etc. e acelera forte! Não vou abordar o multiplayer pois não consegui encontrar nenhuma sala nem competidores significativos ainda.

Os modos de carreira e Driver Network são bem interessantes. No primeiro você é colocado no papel de um piloto começando em categorias de base e assinando contratos que o levam a novos desafios e competições em novas categorias, do kart aos carros de fórmula. No segundo, você entra em competições periódicas contra outros jogadores da rede, em busca do melhor tempo ou resultado. O interessante é que o game incentiva você a entender cada carro e a melhor abordagem deste em cada pista. Dominar essas combinações é o que difere este simulador de outros. Os macetes e estilos mudam a cada nova combinação, deixando o jogo sempre desafiador.

Neste sentido, Project CARS se aproxima mais dos simuladores hardcore como Assetto Corsa, pois exige que você entenda o seu carro, participe dos treinos, memorize o traçado de cada pista e compreenda que não basta ser rápido, tem que ser consistente para ganhar uma corrida. Foi isso o que me conquistou! O jogo uniu a acessibilidade dos consoles com o desafio quase masoquista dos simuladores para PC. Frustrante, mas absolutamente recompensador, como são as corridas no mundo real. Não me lembro de ter suado tanto para vencer uma corrida como aqui.

E não para por aí. As condições de tempo como visibilidade, chuva, horário da corrida entre outras opções, não estão ali só para parecerem bonitas. Elas influenciam em suas escolhas, acerto do carro, estratégias de pit e na sua forma de dirigir. Os pneus gastam, o combustível acaba e você precisa tomar as decisões corretas, antes e durante cada corrida para vencer nos níveis mais difíceis. Project CARS é tenso e impiedoso com o piloto distraído ou incauto.

As opções de acerto dos carros são muitas e podem parecer intimidadoras, mas valem a pena de serem entendidas e para isso já existem manuais feitos por fãs que auxiliam a tirar aquelas frações de tempo que fazem a diferença entre vencer e só competir. Claro que você pode diminuir o grau de dificuldade, colocar uma AI mais burrinha ou encher seu carro de ajudas (quem nunca?), mas aí existem títulos que podem satisfazer melhor esse seu “Need for Speed”. Project CARS é para quem quer aprender da forma mais difícil.

Interface e Acessibilidade

A interface é simples e direta, com um visual clean e agradável. É fácil encontrar o que se quer e acessar o modo de corrida desejado. É verdade que há muitas variáveis e às vezes ficamos confusos, mas sempre dá para voltar e começar tudo de novo com os “breadcrumbs” sempre presentes na navegação. As corridas carregam rápido e a navegação é quase instantânea, tanto no PC quanto noPS4.

Física e Gráficos

Project CARS possui uma física muito boa considerando seus rivais nos consoles. O Force Feedback pode ser ajustado em inúmeras e confusas variáveis (procure os manuais online), mas é muito bom. No meu T500 RS, o carro é pesado e consigo sentir as vibrações da pista, zebras e até quando a roda traseira esquerda escapa na grama.

Se compararmos com Assetto Corsa (ele de novo), Project CARS é mais piedoso e suave. No primeiro a física te esmaga a cada erro, sem perdão. Aqui, ela te desafia, mas não te frustra em 90% do tempo que está buscando conhecer melhor o carro e a pista. Ainda sim, você não pode bobear e deve entender as limitações de cada carro para saber como abordar a Eau Rouge em Spa ou a Parabólica de Monza. Dirigir um fórmula A (o equivalente a um F1 no jogo) em Monaco (aqui Cote D´Azurre) faz você questionar a sanidade dos pilotos profissionais.

Um ponto negativo, comum a quase todos os simuladores desta geração, é o modelo de danos simples demais. Sim, Project CARS permite danos ao seu carro, mas eles são bem limitados e até irreais. Continuar dirigindo o seu Audi Protótipo em Le Mans, após bater de frente numa proteção de pista a mais de 300km/h, me parece um pouco difícil de engolir.

Sons Reais

Os sons são muito bons e dão uma sensação de imersão muito grande, principalmente com os headphones. Cada carro soa como deveria e os efeitos de ambientação ajudam e muito nesta experiência. Neste quesito, Project CARS entrega o que promete. Sem mais, nem menos.

O novo rei dos consoles

Para mim, Project CARS sempre será o título que me trouxe, finalmente para o PS4 e só por isso já é inesquecível. Mas vai muito além, pois não apenas ele é mais bonito, mais realista, e mais emocionante que seus concorrentes, mas também vai mais direto ao ponto, quando o assunto é acelerar. Project CARS é consistente desafiador e vai tornar você um piloto melhor, dentro e fora do mundo virtual, pois te ensina os conceitos de pilotagem faz com que você pense, antes de pisar fundo no acelerador.

Que me perdoe a lenda Kazunori “Kaz” Yamauchi, criador da série Gran Turismo e de quem sou grande fã, mas Project CARS desbancou o rei e determina o fim de uma era e redefine o que é um simulador multiplataforma.

Galeria de Imagens

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