Deathloop te diverte, mas não consegue te desafiar | Análise

Deathloop

Compartilhe

Quebrar o ciclo não é tão difícil como parecia

Deathloop foi anunciado na E3 2019 com um conceito voltado para o loop temporal – o que em si já gera muita confusão. Assim, com a dinâmica de você quebrar o loop, ao mesmo tempo que você reinicia o ciclo toda vez que você morre, isso pareceu interessante e curioso.

A cada nova aparição, mais deste conceito desafiador e frustrante, previamente observado, despertava interesse ao mesmo tempo tudo que víamos não fazia sentido. Enfim, desenvolvido pela Arkane Lyon e publicado pela Bethesda Softwares, Deathloop chega ao PS5 e PC em 14 de setembro.

- PUBLICIDADE -

Afinal, Deathloop conseguiu trazer uma experiência desafiadora como os trailers demonstravam ser? 

E a resposta é não. 

Assim, eu não poderia iniciar esta análise destacando um dos grandes marketings do game, o grande desafio de derrotar os tais visionários e quebrar o ciclo. Desta forma, se dar bem em Deathloop não será uma tarefa difícil para quem jogou Metal Gear Solid, Splinter Cell ou Hitman, por exemplo, onde exige-se um alto nível de furtividade. Portanto, se você tem essa prática, sua jornada, em Deathloop será a mais calma possível. Porém, esta facilidade para quem é amante de games furtivos, também pode ser adquirida por quem prefere uma experiência mais frenética e caótica. Sendo assim, o grande problema de Deathloop está em sua abordagem como um desafio.

- PUBLICIDADE -

“no final do dia, quebrar o ciclo não parece ser tão difícil. Tudo isso, graças a uma IA fraca.”

Durante o hands-off que participamos em maio deste ano, um dos detalhes que nos trouxe ceticismo foi a abordagem do game com a IA dos inimigos. De fato, tudo parecia muito fácil e tudo dava certo, algo parecido com as famosas apresentações de gameplay da E3. Contudo, a build não representava o produto final, então decidimos julgar que na versão final do game seria diferente. Para minha surpresa, em específico, este problema persistiu e esta é uma das grandes falhas que o game traz consigo, o de não te transparecer desafio para o jogador. Tudo isso ocasionado por uma IA fraca onde os inimigos não escutam, não enxergam e desistem rapidamente depois de nos avistar.

Deathloop

Durante minha jogatina, priorizei a abordagem furtiva – a qual me identifico – em nenhum momento fui surpreendido com um inimigo insistente, sabe? Por outro lado, era mais um passeio furtivo onde ninguém conseguia me notar e quando isso acontecia era questão de segundos até eles desistirem e continuarem suas rotas repetitivas pelo cenário.

Eu até me questionei sobre tudo estar tão fácil pelo fato de minha grande experiência com games stealths, mas não. Então, decidi ligar o “modo Rambo” e o resultado é que você não será punido se chamar a atenção dos inimigos, se você for rápido e se esconder, em questão de segundos ou até minutos tudo voltará ao normal e você continuará sua abordagem nada discreta. Por fim, essa facilidade, infelizmente, também alcança o objetivo de eliminação dos chamados “Visionários“, a quem vimos bastantes nos trailers. Para se ter uma ideia, joguei todo o game e eliminei todos os alvos na faca e não precisei me esforçar muito para eliminá-los.

“Portanto, explorar em Deathloop te recompensará com um senso de liberdade que beneficia sua jogatina e expande a narrativa.

Assim, apenas Julianna, antagonista do game, que tem a função de preservar o ciclo, lhe matando, é quem, de fato, entregará um desafio em Deathloop, quando controlada por um player, no modo online. Em adição, pode até parecer exagero da minha parte, mas, além de Julianna, as câmeras e as torretas presentes nos cenários te causam maior desafio, onde você deve evitar ser visto, do que os inúmeros inimigos espalhados pelo cenário.

Em conclusão, no final do dia, quebrar o ciclo não parece ser tão difícil. Tudo isso, graças a uma IA fraca. O que mais me espanta é ver esse tipo de falha vindo depois de games como Dishonored e Prey, onde exigiram grandes desafios com inimigos bastante espertos. Por fim, a Arkane trouxe evolução e, ao mesmo tempo, retrocesso em dos aspectos que a fez ser o que ela é hoje, seu gameplay.

Você não irá se arrepender se decidir explorar em Deathloop

Aqui está uma das evoluções da Arkane, após seus títulos anteriores, o senso de exploração. Diferentemente de Dishonored e Prey, Deathloop te dá uma liberdade de exploração enorme para executar o objetivo da forma que bem entender. Contudo, nesse meio tempo, explorar os quatro cantos de Blackreef não será em vão. Assim, conforme você explora, enquanto avança no objetivo principal, você irá esbarrar em locais que sempre te darão uma extensão da narrativa como o códigos de cofres, dicas para facilitar a eliminação dos alvos, por exemplo, bem como ser recompensado com itens ou armas que otimizarão sua performance dentro do game. Portanto, explorar em Deathloop te recompensará com um senso de liberdade que beneficia sua jogatina e expande a narrativa.

Em adição, toda estas nuances que Deathloop oferece, por meio de seu gameplay, é seguida pelo aspecto Metroidvania. Por exemplo: há um cofre trancado em determinado mapa do game. Você explora tudo o que tem que explorar e não encontra o código. Assim, você continua sua jogatina em um mapa diferente com objetivos diferentes e durante seu progresso você pode encontrar este código e retornar ao mapa que tem o tal cofre trancado e ir lá colocar a senha. 

Em suma, não há mais nada recompensador em você explorar locais que façam valer a pena a nossa não ida de imediato ao objetivo principal, e Deathloop soube fazer isso muito bem. Se você for um jogador – assim como este que vos escreve – que gosta de explorar e não se importa em perder horas fuçando o mapa, e somente depois ir fazer objetivo principal, sua jogatina em Deathloop ganhará mais horas de gameplay e você será bem recompensado com fragmentos da história que ajudam a compreender a trama, bem como na obtenção de itens e armas diferentes das comuns.

“a presença de Julianna invadindo seu progresso no single-player é responsável pelo desafio no game”

Em paralelo, a Arkane mostrou mais uma vez que é referência em trazer um gameplay com uma mescla de combates com o uso das duas mãos. Tanto em Dishonored quanto em Prey vimos o estúdio explorar muito bem essa dualidade na abordagem mística e a tradicional, como o uso de armas brancas e de fogo. 

Em Deathloop não foi diferente. Os combates, embora fáceis por conta de uma IA bem “burrinha” dos inimigos, conseguem ser criativos e divertidos. Assim, alguns dos poderes adquiridos pelo jogador darão uma nova abordagem ao baixo desafio do game. Por outro lado, o título é um acervo de mecânicas onde todas elas querem te dizer que você pode cumprir seu objetivo da maneira que achar melhor, seja no modo furtivo ou gerando o caos, ou usando o cenário ao seu favor hackeando torretas e/ou câmeras. Em suma, você tem um leque de opções para derrotar os alvos e, assim, quebrar o ciclo. Use-as como achar melhor. 

Quebre ou Preserve o ciclo

Um dos grandes destaques de Deathloop em seus trailers era essa dinâmica de no controle de Colt, você quebrar o ciclo, e com Julianna, matar Colt e, assim, preservar o ciclo. Portanto, esta dualidade é o cerne principal da trama de Deathloop. Assim, tudo se inicia com Colt sendo morto por Julianna e retornando para a praia. Mas calma, Deathloop não tem nenhuma ligação com Death Stranding

Pois bem, após ressurgir na praia, Colt não entende o porquê de estar lá, sobretudo o motivo de Julianna ter o matado. Enquanto isso, versões passadas do personagem sussurram nos guiando e explicando o que ele deve fazer para quebrar o ciclo. E é aqui que encerro meus comentários sobre a trama. O que posso garantir sobre o tema de Deathloop é que como toda e velha história de loop temporal, tudo parece confuso e não faz sentido. Contudo, a Arkane soube ofuscar bem o sentido das coisas em Deathloop e de forma proposital só nos mostrou o que há de confuso no game, e quando você começa a jogar tudo é tão simples quanto a tabuada de 10.

Deathloop

Em Deathloop, o segmento multiplayer é totalmente conectado aos eventos do modo single-player, onde controlamos Colt e temos que quebrar o ciclo. Posso até estar enganado, mas ainda não vimos um game que conseguiu fazer de seu modo online ser tão presente em seu segmento single-player. Assim, no controle de Julianna, aos candidatos interessados haverá um momento chave do game para desbloquear a opção de jogar com a personagem e infernizar a vida de quem quer finalizar o game.

“a minha grande preocupação neste sistema de invasão é o quanto isso pode ser prejudicial para quem está na pele de Colt e quer concluir a história, mas é impedido por Julianna”

Além deste momento específico do modo single-player, você só aparecerá em horários disponíveis para a conclusão dos objetivos de eliminar os alvos, pois para eliminar “Os Visionários” haverão mapas, locais e horários específicos para você encontrar e eliminar cada um dos alvos. Assim, serão nessas ocasiões que você poderá jogar com Julianna.

Mas como funciona essa dinâmica do modo multiplayer ?

Pois bem, o servidor de Deathloop, no momento que iniciar a partida, vai buscar partidas que estejam dentro do requisito para se jogar com Julianna e vai te levar para uma jogatina onde Colt esteja avançando para eliminar algum dos alvos. Quando você entrar, na tela do jogador que está jogando com Colt vai aparecer a mensagem avisando que Julliana está te caçando e é aí que “o bicho pega”. Você derrotando ou não Colt sua sessão será encerrada e se quiser jogar novamente, o servidor vai encontrar um outro jogador, conectado a Internet, que esteja no estágio que o modo multiplayer já esteja disponível. Basicamente, é algo parecido com o sistema de invasão do modo online da série Souls.

Lembrando que este sistema de invasão tem a opção de ser feito apenas por seus amigos, a qual façam jus de uma cópia de Deathloop, ou a invasão pode ser feita de forma aleatória, via matchmaking.

Por fim, a minha grande preocupação neste sistema de invasão é o quanto isso pode ser prejudicial para quem está na pele de Colt e quer concluir a história. Como citei anteriormente, a presença de Julianna invadindo seu progresso no single-player é responsável pelo desafio no game. Contudo, a personagem tem muita vantagem tanto em armamento, quanto em poderes. Assim, se você decidir se dedicar seu tempo apenas no controle de Julianna, este será o responsável por infernizar e frustrar muitos jogadores que estão apenas querendo finalizar o game. Pois, assim como Colt, Julianna tem poderes e pode adquirir novos, e subir de nível. Já Colt está limitado à progressão da trama.

Deathloop: Especificações mínimas e recomendadas para PC

Em minha experiência, antes do lançamento, e com poucos players, em confrontos com  Julianna tive vitórias e muitas derrotas, pois além de lidarmos com seus poderes, de se transformar em um inimigo comum, temos que nos preocupar em eliminar os alvos e os inimigos pelo cenário. Assim, essa é a distração perfeita que o jogador no controle de Julianna precisa para te eliminar. Por fim, a única solução para inúmeros momentos de frustração e raiva é você jogar Deathloop off-line e enfrentar uma Julianna controlada pela IA do game. Certamente, você terá menos dor de cabeça. Por outro lado, você não será desafiado a traçar uma estratégia para vencer a personagem. Enfim, fica a seu critério. 

Mas afinal, Deathloop é tudo isso mesmo?

O mais novo título da Arkane não conseguiu ser aquilo que ele mais tentou transparecer em seus trailers, ser uma experiência desafiadora. Embora os momentos com Julianna, no controle de outros jogadores, sejam os únicos que nos sentimos desafiados, estes não serão com frequência, já que não terá apenas você jogando no controle de Colt. Assim, em sua totalidade a IA dos inimigos torna tudo muito fácil e isso se estende aos visionários, tidos como o grande desafio de Colt dentro do game. 

Por outro lado, a Arkane Lyon conseguiu evoluir seu combate de forma criativa à medida que seu level design trouxe nuances que agregam tanto ao jogador quanto a expansão da narrativa. Em adição, Deathloop tem um visual à parte e faz muito bem jus as tecnologias do DualSense, bem como nas opções gráficas e de desempenho que ficaram a critério do jogador.

Por fim, no final deste loop, temos um produto incompetente, mas que trouxe uma evolução em conceitos outrora vistos que tornarão sua jogatina divertida, embora sem desafios.

Confira mais:

Life is Strange: True Colors é sobre fazer o bem em um mundo cheio de injustiças | Análise

Psychonauts 2 é a aventura mais genial e diferente do ano | Análise

Aliens: Fireteam Elite é uma tremenda decepção | Análise

Madden NFL 22 decepciona com bugs e falta de inovação | Análise

Ghost of Tsushima: DLC Ikishima vale a pena para quem gostou do jogo original | Análise

Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin é um dos maiores acertos da Capcom nos últimos anos | Análise

Hell Architect te dá um inferno para você chamar de seu | Análise

Death’s Door te fará abrir uma porta mágica e mortal | Análise

Scarlet Nexus é frustrante em certos pontos, mas encanta com seu combate | Análise

Legend of Mana é o retorno a era de ouro da Square Enix | Análise

Square Enix revela line-up completa para o TGS 2021 – Final Fantasy 16 não estará presente

Square Enix anuncia Voice of Cards: The Isle Dragon Roars, novo RPG do criador de Nier

Metroid Dread: Trailer de quase 5 minutos detalha mais sobre as armas, inimigos e exploração

Forspoken: Novo trailer revela mais do mundo aberto e habilidades da protagonista

Guardians of the Galaxy: Heróis recebem missão suicida em novo trailer de história

WOLVERINE: O jogo nos faz a seguinte questão – QUAIS OS VILÕES QUE TEREMOS?

Tiny Tina’s: Wonderlands ganha novo trailer de gameplay cheio de maluquices

God of War: Ragnarok ganha PRIMEIRO trailer GAMEPLAY durante o PlayStation Showcase

God of War: Ragnarok – Reinos, Inimigos, História e mais detalhes do game!

Project Eve ganha um espetacular trailer cheio de combate e MONSTROS durante PS Showcase

Raven’s Hike saiu para Steam e Novidades sobre Jogos Nacionais

Cory Barlog não retornará na direção de God of War: Ragnarok – Veja o motivo

Bayonetta 3: PlatinumGames diz que está “ansiosa” para compartilhar novos detalhes

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

LIVES

TODOS OS DIAS

O melhor conteúdo do mundos dos Games para você! São LIVES diárias com os melhores jogos de luta, Últimos Lançamentos, Notícias, Temporadas da “Guerra das Torres (Mortal Kombat)” e da “Guerra das Ruas (Street Fighter)” com os melhores players do momento e muito mais! É só colar e mandar aquele “Salve”